Durante o 21º Congresso Nacional de Medicina Geral e Familiar (MGF) e 16º Encontro Nacional de Internos e Jovens Médicos de Família (ENIJMF), eventos realizados em Vila Real pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), o Grupo de Estudos da Sexualidade (GESEX) organizou um workshop dedicado à temática da sexualidade e doença crónica, com dinamização a cargo de Carla Veiga Rodrigues, Andreia Rodrigues Silva, Filipa Vilaça, Sara Rita e Helena Marques.
Segundo Carla Veiga Rodrigues, coordenadora do Grupo de Estudos da Sexualidade da APMGF e formadora do workshop «A sexualidade e a doença crónica – abordagem prática», o facto de o médico de família estar num ponto de acesso a cuidados crítico, permite-lhe perceber antes de outros profissionais de saúde os problemas ligados à vivência sexual do doente, sendo que muitas vezes tais problemas estão interligados ou resultam da doença crónica e do seu tratamento: “sabemos que a nossa iatrogenia medicamentosa provoca muitas vezes estes problemas. Assim, o ideal é todos contarmos com algumas regras básicas para gerir esta terapêutica utilizada nos doentes crónicos e minimizar o impacto desta iatrogenia sobre a sexualidade do indivíduo”.
Ainda de acordo com Carla Veiga Rodrigues, o médico de família pode perfeitamente usar o tema da sexualidade enquanto elemento motivador na consulta para alcançar melhores resultados no controlo de doenças crónicas: “por exemplo, existem doentes que têm uma má gestão terapêutica hipertensora e se nós negociarmos com eles, explicando-lhes que se ocorrer um controlo tensional otimizado é possível iniciar uma medicação dirigida à disfunção sexual, quase sempre tal é suficiente para que a pessoa mude os estilos de vida danosos e consigamos chegar ao alvo terapêutico que desejamos. Ou seja, podemos usar a sexualidade das duas maneiras, enquanto elemento de diagnóstico e enquanto elemento motivador. A ideia é que possamos usar a sexualidade como uma arma a nosso favor, não como uma lacuna na consulta”.