Entrevista com Verónica Casado, palestrante do 21º CN:
No decurso do 21º Congresso de Medicina Geral e Familiar vai realizar-se a mesa redonda «A MGF no Séc. XXI”, no seio da qual Verónica Casado, médica de família no Centro de Saúde Parquesol (Valladolid) e recipiente do 5 Star Doctor Award 2017, atribuído pela WONCA Europa, abordará o tema “Exame Físico Baseado na Pessoa, no Sintoma e na Evidência”. Aqui fica uma brevíssima antevisão do que poderá esperar para esta interessante sessão do dia 30 de setembro (sábado), pelas 16h30.
De que forma o exame físico tem vindo a sofrer transformações na Medicina de Família ao longo dos anos? Ainda é feito pela maioria dos médicos de família como era feito há 20 ou 30 anos atrás?
A anamnese e a exploração física representam a «alta tecnologia» para os médicos de família. São as nossas principais ferramentas. O exame clínico constitui o eixo central da nossa relação assistencial. Como diria o Prof. Mangione, autor do “segredo do diagnóstico físico”, rejuvenescer o diagnóstico físico pode significar reviver esse valioso elo entre a arte e as ciências médicas. Contudo, em determinadas ocasiões e no momento atual a falta de tempo, a acessibilidade à tecnologia, o contexto de incerteza, a multiplicidade de motivos de consulta, a preguiça… fazem-nos por vezes prescindir da exploração física. E na medida em que na nossa especialidade a exploração é a ferramenta mais valiosa, temos de ser capazes de executar explorações valiosas, úteis, pertinentes e eficientes.
Que aspetos particulares do exame físico vai analisar com mais detalhe na sua comunicação?
No âmbito da exploração física existem múltiplas rotinas e sub-rotinas que contêm muita validade diagnóstica, enquanto outras são muito pouco válidas. Por esta razão, surgiu há alguns anos atrás o interesse em validar, refinar e – em certas situações – rejeitar os métodos e os sinais tradicionais. A metodologia que se aconselha para a aprendizagem do exame clínico tem de se basear na combinatória de todas as técnicas e provas com maior grau de utilidade que nos podem levar à quase certeza de um determinado diagnóstico, ou em alternativa a descartar esse mesmo diagnóstico. Por esta razão, nós os médicos devemos conhecer como se estabelece a validade (ou a ausência dela) de um determinado método ou teste exploratório, descobrindo a sua fiabilidade, validade e utilidade. Os índices Kappa e os coeficientes de probabilidade oferecem-nos pistas muito interessantes a este respeito. Durante a minha palestra analisaremos algumas das explorações físicas que mais comummente realizamos e que se revelam pouco úteis, assim como algumas que são úteis e que deveríamos fazer mas que, mau grado, poucas vezes promovemos.