Redimensionamento da lista de utentes dos médicos de família
A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) apresentou e discutiu na sede da Ordem dos Médicos, em Lisboa, a sua proposta para uma urgente reestruturação das listas dos médicos de família por via de uma nova métrica. Fê-lo através de um fórum intitulado “Redimensionamento da Lista de Utentes – Uma nova métrica com Unidades Ponderadas e Ajustadas (UPA)”. Na ocasião, foram analisados os pormenores de um documento que define seis categorias de complexidade para os locais de exercício dos médicos de família (A a F), que caso avançassem permitiriam a existência de listas nominais de utentes entre as 850 e as 1750 pessoas, conforme a zona onde o profissional presta cuidados, mas sempre com a manutenção de 2358 UPA’s.
De acordo com Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, “este é um magnífico trabalho da APMGF, ao qual é necessário dar continuidade. Já encetei contactos inclusive com o Dr. Rui Nogueira, presidente da APMGF, no sentido de criarmos um grupo que possa desenvolver o mesmo e aperfeiçoá-lo. Mas é fundamental que ele avance o mais rapidamente possível. O Ministro da Saúde e o Governo não podem ficar à espera, devem implementar estas mudanças o quanto antes, porque elas beneficiam a estabilidade e as condições de trabalho dos profissionais, mas também a qualidade dos cuidados prestados à população”.
Já para José Maria Silva Henriques, presidente do Colégio de MGF da Ordem dos Médicos, este estudo da APMGF “é um excelente pontapé de partida, que deve ser levado em conta pela tutela”. O mesmo dirigente acredita, contudo, que o mais imperioso é que não se perca tempo: “não podemos deixar dossiês relevantes como este passar de comissão em comissão, de coordenação em coordenação, senão vai parecer que andamos aqui em brincadeiras, que se fazem revoluções para ficar tudo na mesma na MGF e nos CSP!”.
Rui Nogueira sublinhou o facto de o «timing» – do ponto de vista da força de trabalho médica e do contexto organizacional – ser o ideal para levar por diante a proposta da APMGF: “temos bastantes colegas veteranos da MGF ainda no ativo e, em simultâneo, temos connosco os colegas mais jovens que saem do internato e que já estão disponíveis e preparados para nos ajudar. Trata-se de uma janela de sobreposição que é também uma janela de oportunidade. Uma oportunidade fantástica de reformularmos as nossas unidades de saúde e a nossa oferta de cuidados”.
O dirigente da APMGF revelou ainda que a vontade da organização que dirige é a de lançar 20 experiências-piloto no território nacional, em locais muito diversos em termos das características do trabalho diário do médico de família, com o objetivo de testar a tabela de seis categorias de complexidade determinadas pelo estudo e perceber se os intervalos avançados para as listas de cada categoria se coadunam com a realidade.