30º Encontro Nacional de Medicina Geral e Familiar
A APMGF organiza, de 31 de Janeiro a 2 de Fevereiro, o seu 30º Encontro Nacional. Aveiro será, este ano, o palco das comemorações de três décadas da especialidade, em que mais do que olhar para o passado, interessa pensar e projectar um futuro robusto para a MGF e para os CSP. A carreira médica, o desenvolvimento organizacional das unidades de saúde, a investigação/inovação em CSP e o medicamento são alguns dos temas em destaque no programa deste Encontro Nacional, onde os workshops técnico-científicos voltam a merecer enorme relevo
Os 30 anos da Medicina Geral e Familiar (MGF) portuguesa vão ser celebrados na reunião magna dos médicos de família (MF), que decorre entre os próximos dias 31 de Janeiro e 2 de Fevereiro, na cidade de Aveiro.
O evento, organizado pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), pretende olhar para o passado como uma aprendizagem necessária para a projecção das três décadas futuras da especialidade. “A história já nos demonstrou que, em termos dos sistemas sociais e organizacionais, 30 anos não é assim tanto tempo!”, salientou, em entrevista ao nosso jornal, o MF da Unidade de Saúde Familiar (USF) Marginal, Vítor Ramos, que será o conferencista inaugural do 30º Encontro Nacional de Medicina Geral e Familiar (ENMGF) e a quem caberá fazer esta análise.
Para tal, o especialista vai reunir contributos de vários colegas – “dos que têm a ousadia e desassossego de não responderem apenas o politicamente correcto”, adiantou –, com o objectivo de construir uma espécie de mosaico/guia que possa orientar a própria APMGF. E o seu papel nesta “(pre)visão centrada na disciplina, no colectivo, na especialidade” será, garante, o de mero intérprete aglutinador das ideias que surgirem.
Neste trabalho de reflexão há, obviamente, “capítulos incontornáveis” cujos contornos actuais e futuros terão obrigatoriamente que integrar esta análise. É o caso do Internato da especialidade, dos modelos organizativos e da formação pré-graduada.
Crise “joga a favor” dos CSP
Na opinião de Vítor Ramos, a MGF pode e deve passar a ser a disciplina médica transversal a todas as outras. Segundo o MF de Cascais, “o próprio modelo de ensino pré-graduado tem que deixar de ser tão segmentado, para passar a ser mais integrado. Nessa integração – que é uma tendência que tem sido apontada por recentes orientações genéricas –, a MGF deve funcionar como a cola entre todas as outras especialidades”. Para o especialista, é importante que, nas faculdades de Medicina, a MGF ocupe mais de um terço de toda a actividade didáctica. Outro número residual que importa aumentar é o dos doutorados em MGF, salienta.
Na MGF, bem como nos cuidados de saúde primários (CSP), “em que o vector decisivo é o da eficiência e da visão positiva da saúde, a crise é obrigatoriamente uma oportunidade”, preconiza Vítor Ramos. “Resta saber se será bem aproveitada”, conclui, acrescentando: “A necessidade de uma correcta hierarquização da prestação de cuidados joga a favor dos CSP, que provavelmente não se desenvolveram tanto quanto podiam até agora, precisamente porque nunca vivemos grandes crises”.
Na opinião de Vítor Ramos, a MGF pode e deve passar a ser a disciplina médica transversal a todas as outras. Segundo o MF de Cascais, “o próprio modelo de ensino pré-graduado tem que deixar de ser tão segmentado, para passar a ser mais integrado. Nessa integração – que é uma tendência que tem sido apontada por recentes orientações genéricas –, a MGF deve funcionar como a cola entre todas as outras especialidades”. Para o especialista, é importante que, nas faculdades de Medicina, a MGF ocupe mais de um terço de toda a actividade didáctica. Outro número residual que importa aumentar é o dos doutorados em MGF, salienta.
Na MGF, bem como nos cuidados de saúde primários (CSP), “em que o vector decisivo é o da eficiência e da visão positiva da saúde, a crise é obrigatoriamente uma oportunidade”, preconiza Vítor Ramos. “Resta saber se será bem aproveitada”, conclui, acrescentando: “A necessidade de uma correcta hierarquização da prestação de cuidados joga a favor dos CSP, que provavelmente não se desenvolveram tanto quanto podiam até agora, precisamente porque nunca vivemos grandes crises”.
Workshops para todos os gostos
À semelhança da última edição do ENMGF, os workshops técnico-científicos voltam a merecer enorme destaque no programa deste ano, com os vários Núcleos da APMGF a assegurarem a grande maioria destes momentos de formação. A estrutura da consulta em MGF, Ser um bom orientador/tutor (ADSO), Como elaborar um póster científico, Saúde Mental, Ética em MGF, Investigação em CSP, Comunicar com o doente “difícil”, Intervenção motivacional breve na cessação tabágica, Suporte Básico de Vida, Pé diabético e Avaliação Familiar em MGF são alguns dos temas dos workshops do 30º ENMGF.
As temáticas centrais em debate serão: O desenvolvimento organizacional das unidades de saúde, uma sessão com a participação de Rui Nogueira e Vítor Ramos, que terá como ponto de partida o trabalho da professora Paula Santana apresentado no 29º ENMGF, sobre o Índice de Penosidade aplicado às listas dos médicos de família; Medicamentos e efeitos adversos – pré e pós comercialização, um debate participado por Aranda da Silva, Batel Marques e Luiz Miguel Santiago; Investigação e Inovação em CSP e Carreira médica – actualidade e desenvolvimento.
O 30º ENMGF terminará com chave de ouro, com a presença do presidente da WONCA, Richard Roberts, que proferirá uma conferência subordinada ao tema Family Doctors and Primary Health Care: Today and Tomorrow.