17º Congresso Nacional de MGF
A comissão científica explica a escolha do tema com o facto de a Medicina Geral e Familiar desempenhar, “como disciplina académica, um papel importante no ensino médico pré-graduado em Portugal, encontrando-se presente em todas as escolas médicas portuguesas”. Deste modo, referem, “é possível, hoje em dia, ensinar e demonstrar a qualquer aluno de medicina no que consiste a actividade profissional de médico de família, bem como o que são os cuidados de saúde primários”. Um contacto precoce que “é fundamental na formação de qualquer médico, tal como é a formação em anatomia, fisiologia ou psicologia” afirmam, para logo acrescentarem: “apesar deste forte desenvolvimento a nível académico, persistem desafios que merecem reflexão conjunta e a procura de soluções que permitam uma aproximação entre a academia e a prática clínica na comunidade, onde conceitos adquirem contexto e a aprendizagem se concretiza por excelência”.
De modo a conciliar a abordagem da vertente académica e a prática, que integram o lema do congresso deste ano, a organização dos eventos, cujas comissões científicas são presididas, respectivamente, por Alexandre Gouveia e Ana Margarida Cruz preparou um conjunto alargado de sessões que serão direccionadas para a vertente mais académica da medicina familiar e outras, mais vocacionadas para a clínica.
Na cerimónia de abertura, agendada para as 18H30 do primeiro dia de trabalhos, Isabel Santos, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, fará uma conferência onde os desafios actuais que marcam o ensino da medicina familiar ao nível do pré-graduado e a relação entre este ensino e a prática clínica propriamente dita, estarão em destaque.
Ensino da Medicina Familiar
“Ensino e Aprendizagem da Medicina Geral e Familiar na Academia?” e “Como se ensina medicina familiar nas faculdades médicas?” são as duas questões centrais a debater numa sessão marcada para o dia 29 de Setembro, Sábado, às 11 horas da manhã. Com moderação de Alberto Pinto Hespanhol e apresentação única de Yonah Yaphe, será uma sessão que se pretende de grande interacção com os congressistas, procurando-se, com esta dinâmica, uma análise do actual ponto de situação relativamente ao ensino da Medicina Familiar em Portugal, bem como que estratégias devem ser adoptadas de forma a que haja cada vez mais e melhor divulgação entre os alunos de Medicina do que são os cuidados de saúde primários e o trabalho do médico de família. Em destaque, também, a importância do contacto precoce dos alunos com as unidades de cuidados de saúde primários e o recurso a metodologias de ensino mais atractivas e efectivas do ponto de vista pedagógico, fundamentais para que os princípios da medicina familiar possam ser compreendidos e assimilados por todos os futuros médicos. Segundo a organização, esta necessidade justifica-se plenamente, uma vez que a medicina familiar desempenha um papel preponderante na formação médica pré-graduada, já que muitos dos fundamentos da medicina moderna encontram a sua forma mais consolidada no contexto da medicina familiar, tal como o estabelecimento de uma relação médico-doente adequada, através da empatia e comunicação, baseada numa continuidade de cuidados e em proximidade com as comunidades, onde a doença adquire um contexto e a pessoa uma identidade. Esta sessão será comentada por Armando Brito de Sá, Jaime Correia de Sousa e pelo interno de Medicina Geral e Familiar, Pedro Fonte.
Oportunidades dentro e fora de Portugal
A escassez de recursos humanos qualificados, na área da MGF, é uma realidade que hoje afecta, gravemente, inúmeros países. Portugal não foge à regra. Apesar disso, quase diariamente, surgem propostas de entidades estrangeiras procurando cativar especialistas portugueses para irem trabalhar além-fronteiras.
Estabilidade profissional e expectativa de uma evolução em termos pessoais e profissionais são aspectos determinantes na hora de decidir em que país se quer viver e trabalhar. Para debater o tema, a comissão organizadora do congresso nacional convidou Pascale Charondiére, Henrique Botelho, Virgílio Gomes e Santiago Figueroa para exporem as suas perspectivas sobre as condições profissionais que determinam que um médico de família decida ir trabalhar noutro país e os desafios que terá de enfrentar.
Investigação em unidades de CSP e colaboração com a academia
A Investigação em unidades de CSP e a colaboração com a academia é um dos temas “de cartaz” da 17ª edição do Congresso Nacional. De acordo com a organização, “será um momento de discussão sobre o actual ponto de viragem na investigação em unidades de saúde familiar”. Um fenómeno relevante, tendo em conta que um dos critérios de avaliação das USF é, precisamente, a participação dos seus elementos em actividades científicas e estudos originais.
“Sabemos que este aspecto pode estar minimizado pela existência de internos nas unidades de saúde familiar, mas é necessário que exista a possibilidade de auxiliar os colegas no terreno que desejam actualizar os seus conhecimentos em termos de investigação e promover a capacidade de desenho e implementação de estudos originais, quer através das associações como a APMGF e a USF-AN, quer através da colaboração com os departamentos académicos, onde também existe alguma capacidade de colaboração e de aconselhamento especializado”, testemunha Alexandre Gouveia.
Para dissertar sobre o tema, a organização convidou André Biscaia e para o comentar, os médicos Clara Barros Fonseca (responsável pelo Núcleo de Investigação da APMGF), Bernardo Vilas Boas (Coordenador da USF-AN) e Luís Alves (médico de família na USF St. André de Canidelo e responsável pela formação na área de investigação na Coordenação do Internato da Zona Norte).
Investigação/doutoramento no contexto do internato de MGF
Uma outra sessão a merecer destaque, é a dedicada à investigação/doutoramento no contexto do internato de Medicina Geral e Familiar. Nesta sessão, que contará com a presença dos médicos Ana Quelhas, Carlos Martins, Maria da Luz Loureiro e Hélder Sousa o principal mote será a importância da investigação durante o Internato de MGF, quer ao nível da investigação básica quer ao da investigação clínica. No debate procurar-se-á esclarecer se a investigação durante o Internato em Medicina Geral e Familiar desvia a atenção do mesmo, ou se, pelo contrário, capacita o interno relativamente à prática clínica. Serão também discutidos aspectos relacionados com o reconhecimento académico da investigação em MGF, bem como os apoios existentes para os internos doutorandos.
Investigação e inovação nos CSP: o papel da indústria farmacêutica
Ainda em sede de investigação, o início da tarde de sexta-feira, dia 28 deste mês, ficará marcado por uma sessão dedicada ao papel da indústria farmacêutica na investigação e inovação nos CSP. Leonardo Santarelli director-geral da MSD Portugal, Ana Nogueira (directora médica desta multinacional farmacêutica), e o professor de Farmacologia Clínica da Universidade de Coimbra, Francisco Batel Marques são os convidados da organização para abordar o tema.
Sessões de casos clínicos com televoto
Colocando especial ênfase nas áreas clínicas, o 17º Congresso Nacional de Medicina Geral e Familiar, integra, no seu programa, uma forte componente de aprendizagem através da apresentação de casos clínicos com discussão em sala, nomeadamente através de sessões dedicadas a áreas importantes para a medicina familiar. Estas sessões contarão com sistemas de televoto, pretendendo-se ainda potenciar uma grande interactividade com os congressistas.
Rui Costa, Clara Pinto Ferreira e Ana Raquel Figueiredo formam o painel que na sexta-feira, ao início da tarde, integrará a sessão “DPOC: introdução das novas orientações do GOLD através de casos clínicos”. No dia seguinte, na segunda sessão da manhã, será a vez de Nuno Borges, nutricionista e professor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, apresentar situações de nutrição em Medicina Familiar. Para a tarde de Sábado, estão agendadas mais apresentações de casos clínicos, desta feita, na área da doença cardiovascular e da asma e rinite alérgica. Jaime Correia de Sousa, Ana Quelhas, Pedro Azevedo e João Fonseca são alguns dos oradores convidados.
Prescrição farmacológica em Medicina Familiar
Para a 17ª edição do Congresso Nacional de Medicina Geral e Familiar, a comissão científica decidiu organizar uma sessão dedicada aos desafios que se colocam hoje em dia aos médicos no que toca à prescrição de medicamentos. Um tema por de mais pertinente, tendo em conta a avalanche de legislação entretanto aprovada, que altera significativamente o modelo de prescrição até aqui seguido pela maioria dos clínicos, por um lado, e a imposição, pela tutela, de uma forte redução da despesa associada aos medicamentos.
Para debater o tema, a organização convidou os médicos de família Vasco Maria, Luiz Santiago e Cristina Galvão.
10 workshops em três dias…
Uma das apostas-chave da organização do Congresso foram os workshops dedicados a temas relevantes para o exercício da Medicina Geral e Familiar. Vão ser 10, nos três dias de congresso.
“Comunicar más notícias”, “Como escrever e publicar”, “Relação Orientador/Interno: feedback de situações difíceis”, “Abordagem da Dor em CSP” e “Continuidade do processo de investigação do pré para o pós-graduado no ensino da MGF” são alguns dos temas escolhidos para trabalhar em sala.
Mais informações e inscrições disponíveis em:
www.cnmgf.com