Gerais

Drama dos refugiados exige novas respostas dos sistemas de saúde

20ª Conferência da WONCA Europa

A sessão “Guerra, Imigrantes e Etnicidade: Efeitos sobre os Cuidados de Saúde Primários” foi uma das mais concorridas da 20ª Conferência da WONCA Europa. Não só porque o tema que lhe serviu de base é de extrema atualidade, mas porque muitos médicos de família sentem já nos seus países de origem a necessidade de prestarem cuidados aos migrantes que atravessam ou se fixam em várias regiões do Próximo Oriente e da Europa, pessoas com problemas de saúde específicos, que requerem competências também específicas.

     

“Os imigrantes apresentam desafios à nossa humanidade e profissionalismo. Contudo, nós temos os recursos para enfrentar este problema, apenas precisamos de vontade para dar resposta às necessidades destas pessoas”, garantiu Yonah Yaphe, professor convidado de Saúde Comunitária na Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho. Enquanto médico de família e académico que residiu e trabalhou em diversos países (Canadá, Israel, Portugal), Yonah Yaphe contactou com migrantes oriundos de inúmeros locais e que transportam consigo histórias carregadas de episódios de guerra, fome, perseguição, abusos e desespero. Em Istambul, partilhou as narrativas de alguns dos pacientes ou familiares de pacientes que ao longo dos anos recorreram às consultas on-line que realizava e que lhe transmitiram testemunhos de resistência, mas também das marcas indeléveis que os conflitos deixaram em si, com realce para as doenças mentais (depressão, stress pós-traumático, etc.). Mas Yonah Yaphe descobriu também que os médicos de família, quando munidos das estratégias certas, podem ajudar estes doentes a encontrarem em si próprios o potencial para uma evolução positiva: “estas pessoas têm forças e é importante que as mobilizemos, para que possam seguir em frente”.  

 
Mentor académico: figura incontornável para a regeneração do saber
 
Muitos médicos de família são, em simultâneo, tutores, orientadores de formação ou professores em escolas médicas e de saúde. Assim, ter-se-ão já questionado sobre como melhor podem guiar e inspirar quem por eles é norteado. “Um mentor que se preocupa com o seu mentorado, se empenha no seu sucesso e o motiva, torna-se antes de mais um exemplo de vida”, defendeu Emin Kansu, membro do Conselho Executivo da Academia Turca de Ciências, presidente eleito da Sociedade Internacional de Hematologia, professor e chairman do Departamento de Oncologia Básica da Universidade Hacettepe, em Ankara.
Ainda de acordo com Emin Kansu, “a primeira regra de um bom mentor é estimular o mentorado a formular perguntas”, não o deixando cair numa postura de absorção não interrogativa do conhecimento e conselhos que lhe são transmitidos.

     

Numa abordagem a excelentes exemplos de mentores que mostraram estar à altura da tarefa, vingando naquilo que designou por micro-contexto académico (o contexto relacional dentro da academia, envolvendo professores e alunos – ou tutores e tutorados, formadores e formandos – assim como membros do staff) Emin Kansu recordou Sydney Brenner, que em 2002 foi galardoado com o Prémio Nobel da Medicina. Isto porque Sydney Brenner aceitou ao longo dos anos trabalhar com investigadores mais jovens (John Sulston, Robert Horvitz e Andrew Fire), a quem reconheceu enormes capacidades, que acompanhou e inspirou ao ponto de lhes permitir um crescimento profissional e científico que os conduziria, também, ao Prémio Nobel.

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