20ª Conferência da WONCA Europa
“Os imigrantes apresentam desafios à nossa humanidade e profissionalismo. Contudo, nós temos os recursos para enfrentar este problema, apenas precisamos de vontade para dar resposta às necessidades destas pessoas”, garantiu Yonah Yaphe, professor convidado de Saúde Comunitária na Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho. Enquanto médico de família e académico que residiu e trabalhou em diversos países (Canadá, Israel, Portugal), Yonah Yaphe contactou com migrantes oriundos de inúmeros locais e que transportam consigo histórias carregadas de episódios de guerra, fome, perseguição, abusos e desespero. Em Istambul, partilhou as narrativas de alguns dos pacientes ou familiares de pacientes que ao longo dos anos recorreram às consultas on-line que realizava e que lhe transmitiram testemunhos de resistência, mas também das marcas indeléveis que os conflitos deixaram em si, com realce para as doenças mentais (depressão, stress pós-traumático, etc.). Mas Yonah Yaphe descobriu também que os médicos de família, quando munidos das estratégias certas, podem ajudar estes doentes a encontrarem em si próprios o potencial para uma evolução positiva: “estas pessoas têm forças e é importante que as mobilizemos, para que possam seguir em frente”.
Numa abordagem a excelentes exemplos de mentores que mostraram estar à altura da tarefa, vingando naquilo que designou por micro-contexto académico (o contexto relacional dentro da academia, envolvendo professores e alunos – ou tutores e tutorados, formadores e formandos – assim como membros do staff) Emin Kansu recordou Sydney Brenner, que em 2002 foi galardoado com o Prémio Nobel da Medicina. Isto porque Sydney Brenner aceitou ao longo dos anos trabalhar com investigadores mais jovens (John Sulston, Robert Horvitz e Andrew Fire), a quem reconheceu enormes capacidades, que acompanhou e inspirou ao ponto de lhes permitir um crescimento profissional e científico que os conduziria, também, ao Prémio Nobel.