As II Jornadas do Grupo de Doenças Respiratórias da APMGF – GRESP –, realizadas este ano em Coimbra, arrancaram de forma auspiciosa e marcadas por uma tónica quer de diversidade temática, quer de incremento no número de participantes e de trabalhos científicos apresentados.
Na cerimónia de abertura, o coordenador do GRESP e da Comissão Científica das jornadas, Jaime Correia de Sousa, mostrou-se plenamente satisfeito com a afluência dos colegas da MGF, em particular dos mais jovens: “tinha afirmado que ficaria muito contente com 100 presenças e, até agora, já contamos com algo como 170 inscrições”. De acordo com aquele responsável, o êxito da iniciativa leva já o GRESP a ponderar a hipótese de passar a realizar estas jornadas anualmente. O mesmo dirigente agradeceu à organização-mãe do GRESP, a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), por ter possibilitado que aquele núcleo de interesse temático tenha crescido, ao longo dos últimos anos, com todo o apoio necessário.
Já João Sequeira Carlos reconheceu o valor acrescentado que representa hoje para a Associação o trabalho desenvolvido pelo GRESP: “não posso dizer que este núcleo seja o melhor, porque todos têm o seu mérito, mas a verdade é que as pessoas que neste momento estão envolvidas no GRESP têm desenvolvido um excelente trabalho e fazem com este núcleo seja hoje o mais dinâmico da Associação”. O presidente da APMGF afirmou que, no que depender da Direção Nacional da APMGF, o GRESP terá todas as condições para começar a preparar as suas III Jornadas, salientando ainda o facto de a 19º Conferência da WONCA Europa, programada este ano para Lisboa, contemplar no seu programa científico “um cunho muito forte relativamente aos temas das doenças respiratórias”.
Na cerimónia de abertura participaram representantes de diversas entidades cujo âmbito de atuação envolve as doenças respiratórias, nomeadamente Carlos Robalo Cordeiro (presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia), João Fonseca (secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Asma, Alergologia e Imunologia Clínica – SPAIC) e Miguel Róman (presidente cessante do International Primary Care Respiratory Group).
Na mesa de abertura esteve também Cristina Bárbara, coordenadora do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias, a qual sublinhou o número crescente de profissionais de saúde que se juntam às iniciativas do GRESP e a maturidade e amplitude do programa científico destas jornadas: “há aqui muita energia da vossa parte, que vai ser com certeza bem empregue. As marcas que encontramos no programa científico são seguramente indicadores de sucesso e, existindo todo este interesse relativamente às doenças respiratórias, encontro pessoalmente garantias de que muito poderemos fazer, no futuro”.
O primeiro dia das II Jornadas do GRESP iniciou-se com um conjunto de oficinas práticas, relacionadas com temas tão preponderantes para a prática clínica do médico de família como o manuseamento de dispositivos inalatórios, a espirometria ou a asma de controlo difícil. Seguiram-se, depois, duas sessões plenárias dedicadas a condições patológicas que, atualmente, merecem séria reflexão no âmbito do nosso sistema de saúde, quer por parte de quem o gere, quer de quem o operacionaliza: a tuberculose e a pneumonia adquirida na comunidade (PAC). Relativamente à tuberculose, a adjunta do diretor do Programa Nacional para a Infeção VIH/SIDA, Raquel Duarte, reconheceu que o país esbarra na falta de recursos humanos capacitados nesta área e formação contínua e adiantou, ainda, que está ser ultimado um estudo de avaliação dos recursos humanos necessários neste campo, cujos resultados deverão ser conhecidos no próximo mês de março.
O peso da PAC ficou igualmente bem patente no decurso destas jornadas, com o pneumologista Filipe Froes a recordar que esta condição está inserida no top 5 das causas de internamento hospitalar em Portugal. O mesmo especialista especificou que todos os dias são internados 81 adultos devido a esta condição e que, de entre estes 81 doentes, 16 perderão a vida no hospital. “É uma cifra enorme, que nos obriga a pensar e a tomar medidas”, avançou Filipe Froes.
Decisões urgentes devem, pois, ser tomadas em áreas cruciais, como sejam a vacinação em adultos que ajude a prevenir as infeções respiratórias. Algumas das diretrizes que deveriam ser seguidas neste tipo de vacinação estão contidas num documento de consenso para a prevenção de infeções respiratórias no adulto, criado e divulgado pelo Grupo de Trabalho da Comissão de Infecciologia Respiratória da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, um documento cujas linhas mestras foram expostas em Coimbra por Filipe Froes.
No fecho do primeiro dia das II Jornadas do GRESP, destaque ainda para a conferência proferida por Mário Miranda, imunoalergologista do Serviço de Saúde Ocupacional do Hospital de São João (Porto), subordinada à temática da asma de exposição.