Workshop no 20º Congresso Nacional
É chegado o momento de optar por um ou vários dos workshop que o 20º Congresso Nacional de MGF coloca à sua disposição e increver-se nos mesmos através da plataforma de inscrição do 20º Congresso Nacional . Não perca tempo a reservar o seu lugar, uma vez que muitas destas ações de formação têm um limite máximo de participantes.
Uma das marcas distintivas do Congresso Nacional deste ano será, como é aliás tradicional neste evento, a formação disponibilizada aos congressistas através do formato de workshop. As possibilidades de escolha são vastas e os participantes terão, com certeza, a oportunidade de integrar um workshop direcionado para uma ou várias das suas áreas de interesse profissional, tal é a abrangência dos assuntos contemplada pelo programa. Fique a conhecer, um pouco melhor, algumas das ofertas formativas que estão em jogo.
Burnout, Violência e Assédio nos Serviços de Saúde
O psiquiatra e coordenador do Centro de Prevenção e Tratamento do Trauma Psicogénico – CRI de Psiquiatria do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC), João Redondo, vai coordenar no 20º CN o workshop “Fatores de Risco Psicossociais, Stress Ocupacional, Burnout e Violência/Assédio, nos Serviços de Saúde: da leitura e compreensão à prevenção/intervenção”.
De facto, nas últimas décadas têm ocorrido mudanças significativas no mundo do trabalho, que podem conduzir a uma grave deterioração da saúde física e mental dos trabalhadores, incluindo os dos serviços de saúde (OMS, 2010). Assim, fatores de risco psicossociais, stress ocupacional, burnout, violência/assédio, representam alguns dos principais desafios para a saúde e segurança ocupacional, que importa prevenir. Este workshop será dominado por questão fundamental: numa perspetiva de saúde pública, como prevenir e pensar “soluções” no contexto onde trabalhamos?
Para conhecer tudo sobre a Medicina Centrada na Pessoa…
O Grupo de Estudos de Medicina Centrada na Pessoa (MCP) da APMGF, formalizado há poucos meses, tentará dissipar todas as dúvidas dos delegados do 20º Congresso Nacional através do workshop “MCP: o que é, para que serve, como se mede e que impacto tem?”.
“A MCP constitui uma competência nuclear dos médicos de Clínica Geral/MGF. Praticá-la implica capacidade de comunicação elevada e a compreensão partilhada dos problemas de quem nos procura (os nossos consulentes) e o envolvimento destes nos processos de decisão, incorporando prevenção”, esclarece Luiz Miguel Santiago, porta-voz do Grupo de Estudos de MCP.
Ainda de acordo com Luiz Miguel Santiago (que fará parte da equipa nuclear de formação em conjunto com os seus colegas José Mendes Nunes e José Augusto Simões, coadjuvados por formadores externos a confirmar), existem seis componentes da MCP que deverão ser assimilados pelos formandos: “para tal, serão feitas dramatizações de dois tipos de consulta. Após interação teórico-prática, os participantes são convidados a, em trabalhos de grupo a serem depois discutidos, elaborar sobre o que aconteceu. Pretende-se ainda que neste trabalho de grupo possa ser iniciado processo de criação de indicadores que permitam medir quer o resultado, quer a consequência do exercício da MCP”.
Aprofundar conhecimentos de Geriatria
Já o Grupo de Estudos de Saúde do Idoso/Geriatria (GESIG) da APMGF tomou o encargo de realizar o workshop “Síndromes Geriátricas – aprender e conhecer”. Este workshop (que poderá acolher um número máximo de 35 formandos) “pretende aprofundar as competências e a aprendizagem dos médicos de família em Geriatria”, explica o coordenador do GESIG, Miguel Ferreira. O curso pretende abordar as síndromes geriátricas mais frequentes na consulta do médico de família, focando alguns pontos que suscitam dúvidas frequentes.
“O modelo pedagógico baseia-se na discussão de casos clínicos em grupo e depois na sua discussão global e integração. No final, cada participante deverá adquirir competências para diagnosticar, avaliar e acompanhar as principais síndromes geriátricas, no âmbito da prática clínica de MGF”, acrescenta Miguel Ferreira.
Na perspetiva do coordenador do grupo de estudos, “a transição demográfica condiciona um número crescente de idosos nas consultas de MGF. Os médicos de família devem possuir os conhecimentos básicos de Geriatria, bem como manejar as estratégias de abordagem desta população. A compreensão do doente idoso e das suas particularidades é fundamental para melhorar a assistência prestada a esta faixa etária”.
Violência de género: MF devem estar atentos a sinais de alerta
Desenvolvido pelo Grupo de Estudos de Saúde da Mulher (GESM) da APMGF, o workshop sobre “Violência de Género” focará um assunto que durante muitas décadas poderá ter sido menorizado ou escondido pelos utentes na consulta, mas que no presente exige máxima vigilância por parte das equipas de saúde. A coordenadora do GESM, Margarida Moreira, recorda quão assustadora é a estatística: “segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2010 uma em cada três mulheres no mundo inteiro sofreram violência infligida pelo seu parceiro ou violência sexual. Estes números falam por si, quanto à importância deste tema e à pertinência de ser discutido num congresso nacional de Medicina Geral e Familiar. Este tipo de violência tem repercussões graves na vítima, na família e na comunidade. Os cuidados de saúde primários (CSP), pelas suas características de acessibilidade e continuidade de cuidados, são, por excelência, o local para deteção precoce da violência familiar em geral, e de género em particular”. Contudo, devido a várias barreiras, quer por parte das vítimas como dos médicos, “apenas uma em cada 20 vítimas de violência familiar são detetadas nos CSP. Acreditamos que a formação nesta área é fundamental aos médicos de família, contudo é ainda pouco abordada nos programas de formação pré e pós-graduada. Por este motivo, o recém-criado GESM escolheu exatamente este tema para o seu primeiro workshop num evento nacional da APMGF”. O workshop em causa abordará a temática da violência de género, a forma mais comum de violência familiar. Pretende ser uma formação interativa na qual, para além da transmissão de noções teóricas básicas sobre este tema, sejam discutidos, em conjunto com os participantes, casos clínicos comuns na prática diária de um médico de família. O workshop será coordenado por Nina Monteiro, com a colaboração de Gema Ponce, Vera Silva e Ana Paula Galante.
GRESP promove workshop sobre CRD e dispositivos inalatórios
Como habitual, o Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da APMGF (GRESP) estará bem ativo nas atividades formativas do Congresso Nacional, com dois workshop a seu cargo, sobre cuidados respiratórios domiciliários (CRD) e dispositivos inalatórios. Cláudia Vicente, da comissão executiva do GRESP, explica o âmbito das duas ações: “o workshop de CRD propõe-se a divulgar entre os colegas da MGF quais as terapêuticas disponíveis entre as opções de aerossoloterapia, oxigenoterapia e ventiloterapia. Dentro de cada grupo quais destas podem e/ou devem ser prescritas pelo MF. Pretende-se que seja muito prático, com contacto com os aparelhos e exemplos práticos das regras de prescrição. No caso dos inaladores, propõe-se que os formandos tomem contacto com os diferentes grupos de inaladores e saibam quais são os que se encontram disponíveis dentro de cada grupo. A prática será feita com placebos de cada device, com a técnica apropriada a ser demonstrada e, de seguida, executada”.
Intervir com eficácia no aconselhamento parental
Porventura menos comum no contexto de congressos associados à MGF será o workshop “Novos desafios no aconselhamento parental”, que incidirá sobre questões como a dependência das crianças e jovens face à Internet e às novas tecnologias, as famílias modernas, as consequências do divórcio nas crianças e as problemáticas próprias das crianças adotadas.
De acordo com a formadora deste workshop, Lurdes Sá (psicóloga clínica com pós-graduação em Aconselhamento e Psicoterapia Comportamental e Cognitiva), “a metodologia privilegiada será predominantemente prática, pois serão discutidos diversos casos frequentes na consulta de saúde infantil, intercalando com a teoria, e os participantes serão inclusive convidados a apresentar os seus próprios casos clínicos. Poderei assim apresentar estratégias práticas de aconselhamento parental já adaptadas aos casos clínicos apresentados pelos participantes. Pretende-se que os MF saiam do workshop com técnicas que promovam atitudes e alterações comportamentais parentais adequadas às necessidades da criança que tem comportamentos disfuncionais decorrentes de divórcios na família, dependência da Internet, e/ou por ser uma criança adotada”.
A especialista em crianças e adolescentes considera que o MF “precisa, cada vez mais, de ter estratégias práticas de aconselhamento parental adaptadas às novas realidades emergentes dos tempos modernos. A percentagem de divórcios nos primeiros anos de vida das crianças tem vindo a aumentar significativamente, colocando múltiplos desafios às famílias que, por sua vez, tentam contar com o MF que as acompanha. Os divórcios – e não só – criam famílias modernas, que muitas vezes complexificam as variáveis que interferem nos comportamentos disfuncionais que as crianças apresentam, quando crescem em ambientes instáveis emocionalmente”.
A agilização do improviso estará em alta, graças ao “espírito McGuiver”
Já conhecido e apreciado por muitos, o coletivo de médicos espanhóis que dá pelo nome de Grupo McGuiver estará em Castelo Branco para realizar um workshop prático destinado à melhoria de competências na resolução de problemas de saúde urgentes/emergentes. O workshop em causa visa familiarizar os participantes com um conjunto de técnicas de intervenção simples e úteis.
Ángel Llerena, um dos membros do Grupo McGuiver que será responsável por esta formação, explicou ao nosso jornal que “a duração total do workshop será de quatro horas, duas horas de teoria e duas horas de prática, com uma pequena pausa de permeio. Insistiremos em tentar que os participantes terminem a formação realizando corretamente todas as técnicas mostradas”.
Ao nível da componente prática, refira-se que as técnicas de intervenção em doentes urgentes serão executadas em cada mesa com um monitor e um grupo de 10 formandos.
Segundo Ángel Llerena, este workshop poderá beneficiar todos os médicos de família e internos da especialidade sem exceção, mas deverá ter um apelo especial sobretudo para aqueles que terminaram a sua formação pós-graduada há pouco tempo: “depois de uma formação médica teórica tão prolongada, todos desejamos pôr em prática os nossos conhecimentos. Como tal, o principal atrativo deste workshop é sobretudo o seu aspeto prático, a possibilidade de aplicar o que foi aprendido logo na consulta que se faz no dia seguinte. Uma vez que o workshop está pensado por e para médicos de família, acaba por propor soluções eficientes para diversos problemas que encontramos com frequência nas nossas consultas”.
Estimular os utentes a fazerem exercício físico: será assim tão difícil?
O Grupo de Estudos de Nutrição e Exercício Físico (GENEF) da APMGF vai promover em Castelo Branco um workshop sobre técnicas de incentivo à prática de exercício físico. Os dinamizadores serão Pedro Prata, Marisa Barros e Tânia Silva Martins, membros fundadores do GENEF, coadjuvados por Fernando Ribeiro, professor adjunto da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Aveiro.
O workshop tem como principal objetivo divulgar, de uma forma prática, estratégias simples para incentivar a prática de exercício físico durante as consultas em CSP, adequadas a cada grupo etário, comorbilidades existentes e diferentes níveis de motivação. Visa também transmitir técnicas que possibilitem ultrapassar determinadas barreiras para a prática de exercício físico. “Pretende-se, assim, que os nossos utentes possam adquirir hábitos regulares de exercício físico, contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida”, asseguram os membros do GENEF.
Dicas de “sobrevivência” para o recém-especialista
Particularmente interessante para uma grande percentagem dos congressistas deverá ser o workshop “Recém-especialista: e agora?”, com dinamização de Victor Ramos e Eunice Carrapiço. Esta ação de formação tem uma duração total de três horas e, de acordo com Eunice Carrapiço, pretende-se através dela que “um grupo de internos e recém-especialistas em MGF, ombro a ombro com alguns seniores, partilhem ideias, perspetivas, experiências e construam os seus horizontes de vida profissional”.
Victor Ramos sublinha o facto de o contexto laboral dos médicos de família portugueses estar em plena transformação, o que força os recém-especialistas a refletirem sobre o que deles é esperado: “em Portugal, hoje, a MGF está enquadrada num Serviço Nacional de Saúde onde cada cidadão pode ter o seu médico de família (MF), num sistema público solidário (pago pelos impostos de todos). Cada MF tem uma lista de utentes, o que lhe permite uma gestão micro-populacional de cuidados, integrado numa equipa multiprofissional, que presta um conjunto definido de cuidados essenciais em todas as fases da vida das pessoas e das famílias (“carteira de serviços”). Estas equipas terão cada vez mais autonomia organizacional, com responsabilização, ambas reguladas por instrumentos formais. É com estes pressupostos que cerca de 2000 novos MF iniciarão a sua carreira, até 2020, e para os quais deverão estar preparados”.