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Luís Pisco revisita princípios basilares da MGF

No ciclo comemorativo dos 40 anos da NOVA Medical School:

Luís Pisco, vice-presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) e professor assistente na NOVA Medical School/Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa (FCMUNL), deu uma conferência intitulada “Medicina Familiar: uma perspetiva global”, integrada no ciclo comemorativo dos 40 anos da NOVA Medical School e dos 111 anos do edifício sede daquela escola médica. A moderação da sessão ficou a cargo de Isabel Pereira dos Santos, regente da disciplina de MGF na NOVA Medical School.

“Esta foi uma excelente oportunidade para falar comparativamente sobre os diferentes sistemas de saúde a nível internacional e dar nota do que está a preocupar as pessoas em todo o mundo, nomeadamente a sustentabilidade destes sistemas. Por outro lado, foi também uma oportunidade única para reafirmar os princípios básicos da Medicina Geral e Familiar (MGF) e explicar por que razão um sistema de saúde deve apostar em primeiro lugar nos cuidados de saúde primários (CSP)”, indica o conferencista.


     


O docente da FCMUNL expôs ainda à audiência alguns dos sinais de alerta detetados no presente em países que sempre foram referências positivas em termos de prestação de cuidados de saúde, como a Inglaterra: “sentimo-nos muito ligados ao NHS e fomos lá buscar muita inspiração, pelo que nos custa ver os médicos a quererem abandonar o serviço público, a crise que se instalou no seio da força de trabalho dos CSP em Inglaterra”.

Ao olhar para o contexto nacional no que respeita à MGF e aos CSP, Luís Pisco encontra muito potencial, mas também desafios de monta: “nunca esteve em causa a qualidade humana e da mão-de-obra, porque temos excelentes profissionais no ativo e continuaremos a tê-los daqui em diante. A questão passa antes por saber que condições e organização vamos ser capazes de criar para eles e como os vamos potenciar, no sentido de prestarem melhores cuidados à população… será que vamos ter edifícios, equipamentos ou condições de trabalho para lhes oferecer? Essas é que são as questões importantes que deveremos resolver”.

Por fim, o vice-presidente da ARSLVT garante que os serviços proporcionados pelas unidades dos CSP fora do horário regular continuam a ser uma área que merece reflexão imediata e porventura uma inversão de rumo, face às tendências de um passado mais recente: “parece-me que não faz muito sentido deixar para os hospitais a responsabilidade total do atendimento aos sábados, domingos e fora de horas. É óbvio que não estamos já no tempo do João Semana, mas temos a capacidade de nos organizarmos e de – sob nossa responsabilidade – fornecermos esse tipo de serviços. É claro que vamos precisar de mais meios e compete-nos dizer, com clareza, que exigimos mais recursos, mais médicos e que teremos de organizar os nossos horários de forma diferente. De todo o modo, não tenho dúvidas de que seria prestigiante para os CSP as pessoas saberem que estamos disponíveis também ao fim-de-semana e à noite, quando estas pessoas necessitam da nossa ajuda”. Luís Pisco ressalva que não defende o regresso dos SAP ou de algo similar, mas sublinha que “terá de existir uma discussão muito séria sobre esta matéria entre as pessoas que trabalham nos CSP, que devem tomar consciência de que enveredar por este rumo resultaria em algo de muito bom para a nossa imagem e para o serviço que prestamos às populações”.

 

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