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Médicos de família têm de abraçar os social media sem reservas

20ª Conferência da WONCA Europa

Parte importante da boa relação que os médicos de família (MF) conseguem estabelecer com os seus doentes está associada ao facto de estes conhecerem bem as famílias que acompanham, as suas necessidades, receios, hábitos e transformações.
Ora, no presente, um número cada vez maior de pessoas utiliza diariamente os social media para comunicar e recolher informação vital com vista a mitigar os níveis de ansiedade sobre o seu estado de saúde. Neste panorama – e perante ainda o crescente volume de informação profissional que envolve a classe médica – é quase incontornável para os médicos de família saberem potenciar e integrar-se nos social media, sejam quais forem as plataformas escolhidas para o efeito.

     

Este fenómeno, com os seus riscos e oportunidades, foi alvo de um interessante debate no decurso da 20ª Conferência da WONCA Europa, em Istambul. Através dele, foi possível recolher opiniões sobre as mais-valias e os perigos dos social media, não só de um painel de convidados, mas de MF de todo o globo, que participaram na discussão via Twitter. “Os social media representam muito mais do que entretenimento. Trata-se de uma nova forma de comunicação que elimina barreiras geográficas e representa, também, uma autoestrada para os doentes e para a própria classe dos decisores políticos, que podemos influenciar através destes processos”, garantiu na ocasião Peter Sloane, o presidente do Movimento Vasco da Gama (MVdG), o grupo que no seio da WONCA Europa reúne os internos da especialidade e os jovens MF. Este dirigente avançou mesmo com a ideia de ser a WONCA Europa a liderar um movimento que possibilite desenvolver  formação e investigação centradas no uso dos social media pela classe médica.

Perante muitas das reservas levantadas pela audiência, o médico português Luís Pinho Costa – membro do Grupo de Imagem do MVdG –  procurou recentrar a discussão: “incidimos muito as nossas atenções sobre os riscos de estar nos social media, mas não pensamos sobre os riscos de não estar. É fundamental não esquecer que os doentes já lá estão, na tentativa de se informarem. É nosso dever estar do seu lado, para mais quando sabemos que nestes social media também abundam as iniciativas de marketing, os interesses da indústria e até alguns vendedores de «banha de cobra»”.

     


Nesta sessão, foi igualmente dado a conhecer o guia eletrónico para a utilização dos social media por parte dos MF, criado no seio do MVdG. Uma ferramenta de apoio já acessível no site do grupo e maioritariamente desenvolvida pelo dinamarquês Ulrik Bak Kirk. Um guia que reuniu contributos de muitos MF, entre os quais o próprio Luís Pinho Costa, o qual ajudou a apresentar o projeto em Istambul.

 
A “árvore” da MGF crescerá com flexibilidade?
 
De acordo com Amanda Howe, presidente eleita da WONCA Mundial, a MGF deverá conduzir o seu crescimento pelas mesmas leis naturais que presidem ao envelhecimento de uma árvore secular: “as árvores antigas possuem ramos mais velhos e rígidos, que é necessário cortar, para deixar crescer os mais novos e flexíveis. Devemos ter força, mas sem rigidez”, avançou numa palestra em que procurou entrelaçar o seu próprio crescimento enquanto mulher e médica com as experiências de crescimento e autonomização da especialidade.

     

“É um balanço difícil este, o de saber quando dobrar com flexibilidade seguindo a orientação do vento e quando ficar estático perante as adversidades, mantendo os valores de outrora”.

 
Workshop conduzido por portugueses promove aleitamento materno
 
Esta conferência de Istambul foi também palco para o workshop “O MF como promotor do aleitamento materno”, concebido por uma equipa constituída por Inês Ferreira (USF Venda Nova – ACeS Amadora), Daniela Runa, Maria Ana Sobral, Mário Machado Cruz, Sara Magalhães e Susana Medeiros (todos da USF AlphaMouro – ACeS Sintra). Um workshop pensado para sensibilizar os participantes (oriundos da Turquia, Reino Unido, Irlanda, Roménia e Portugal) para as vantagens do aleitamento materno e que procurou expor as suas diferentes técnicas e providenciar estratégias para os profissionais de saúde lidarem com os obstáculos mais comuns associados ao aleitamento materno.
 

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