Permanece a memória de um MF e de um homem excecional
A Medicina Geral e Familiar portuguesa está mais pobre com a morte de Vasco Queiroz. Nascido em 1956, era natural de Coimbra, embora vivesse desde há muito na cidade da Guarda. Casado, pai de dois filhos, Vasco Queiroz era médico de família (MF) e docente do Departamento de Ciências Médicas da Universidade da Beira Interior (UBI). Desempenhou durante largos anos a função de orientador de formação, foi fundador e membro da primeira direção da Associação dos Docentes e Orientadores de Medicina Geral e Familiar (ADSO) – liderada na altura pelo saudoso José Guilherme Jordão – bem como formador de vários cursos EURACT.
Para além das competências inegáveis na dimensão profissional e académica, era também um homem de múltiplos e diversificados interesses. Politicamente ativo, esteve envolvido no movimento estudantil antes e após o 25 de Abril de 1974, foi ator e membro do Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC).
Luís Filipe Gomes, que com ele privou durante várias décadas, descreve-o assim: “como MF era exemplar, centrado no paciente e praticante de medicina humanizada. Como professor (na UBI), insistia em transmitir aos seus alunos os princípios da verdadeira MGF, sendo incansável no esforço de tornar McWhinney (entre outros, evidentemente) uma fonte comum de ensino/aprendizagem. Em termos pessoais era um «gentleman», com um ótimo gosto e preferências pelo bom cinema, a boa música e a gastronomia de qualidade. Escrevia e desenhava magnificamente, possuía um humor fantástico e uma cultura vasta. Era um fantástico criativo e sabia viver. Os que o conheciam vão sentir a sua falta!”.
Uma saudade partilhada por Isabel Pereira dos Santos, amiga de longa data: “gostava muito do Vasco. A última vez que falei com ele foi em dezembro. O Vasco era um ser especial. Amável. Um romântico. Pelo menos é assim que eu o vejo. Uma pessoa boa, para além de um bom médico de família. Para mim, está na galeria dos bons exemplos…”.