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“O 19º Congresso Europeu da WONCA decorrerá num país importante para o desenvolvimento da MGF”

Job Metsemakers – Presidente da WONCA Europa

O médico de família holandês que lidera a WONCA Europa mostra-se satisfeito com o processo de preparação do congresso lisboeta, apela a todos os MF portugueses que venham partilhar da experiência única que representa participar num encontro desta grandeza e sublinha que as mudanças operadas nos cuidados de saúde primários entre nós despertarão, com toda a certeza, a curiosidade de colegas de outras paragens

 

Que análise faz dos trabalhos preparatórios desenvolvidos para o 19º Congresso Europeu da WONCA?

Job Metsemakers – Pelo que sei até agora, tudo corre pelo melhor na preparação do 19º Congresso da WONCA Europa. Algo que, pessoalmente, já esperava. O número de participantes inscritos é bom e o processo de submissão de abstracts, conduzido por Isabel Pereira dos Santos, decorreu de forma muito positiva. Muitas pessoas enviaram os seus abstracts e os revisores fizeram naturalmente o seu trabalho. É óbvio que nem todos ficarão contentes, por não verem os seus trabalhos aceites, mas é isto é algo de normal num processo de seleção deste género. Por aquilo que nos foi dado a perceber, os procedimentos de avaliação foram minuciosos e, como sempre, algumas propostas acabam por ficar excluídas.

O evento de Lisboa poderá apresentar uma dinâmica diferente daquela que marcou anteriores congressos europeus da WONCA?

Por comparação com outras conferências da WONCA Europa, esta será com certeza diferente, até porque o contexto, o país e os costumes são distintos. Dito isto, estas conferências são entendidas por nós como encontros de família, de colegas e amigos, que esperamos sempre serem um caminho para fortalecer o desenvolvimento da Medicina Familiar, providenciar evidência científica originada por investigação recente e estimular as pessoas a envolverem-se na formação médica da especialidade.

Mas julga que o facto de este congresso decorrer em Portugal terá influência específica na troca de ideias e na partilha de experiências, ou no tipo de discussões que irão decorrer?

Penso que Portugal terá o seu cunho muito particular e atividades originais no âmbito desta conferência. É importante reforçar que o 19º Congresso Europeu da WONCA decorrerá num país importante e forte para o desenvolvimento da Medicina Familiar, para mais num momento em que a nação conhece mudanças relevantes no seu sistema de saúde, com a transformação que ocorre nos seus centros de saúde e nas relações de força entre prestação de cuidados privada e pública, novos mecanismos de contratualização, etc. É muito interessante vir aqui, num momento especial como este! Julgo que muitos colegas terão a oportunidade de conhecer, pela primeira vez, o que se está a passar neste país e é, aliás, fundamental que todos nós, quando visitamos uma outra sociedade, façamos perguntas e possamos descobrir como as coisas estão organizadas, quais são os problemas, as soluções e as energias locais. Por outro lado, tenho a esperança de que os médicos de família portugueses agarrarão a oportunidade única de vir até Lisboa, para conhecer colegas de outras paragens. É inspirador, sair do consultório e aprender com novas experiências.

Será a primeira vez que Portugal recebe uma conferência anual da WONCA Europa… Há receios em relação a este batismo de fogo?

Para mim, a Spring Meeting WONCA/SIMG, realizada em 1994 no Estoril, foi uma verdadeira conferência internacional, equiparada ao congresso anual da WONCA Europa, o que significa que não é a primeira vez que Portugal acolhe o maior evento da WONCA, a nível europeu, na minha perspetiva. Além disso, os colegas portugueses organizaram neste intervalo de tempo reuniões importantes que envolveram organizações membro da WONCA Europa, destinadas a debater tópicos não incluídos nos programas dos congressos anuais. Estas reuniões intercalares foram muito úteis para o desenvolvimento da estrutura da WONCA Europa. A capacidade organizativa da associação portuguesa tem sempre de ser comprovada, como é óbvio, algo que apenas poderemos fazer por completo depois do congresso e nunca antes. Mas por aquilo que podemos ver até este momento, a organização está a tomar conta do recado.

Já teve a oportunidade de avaliar as keynote lectures planeadas para esta iniciativa… Qual é a sua impressão sobre o conjunto de apresentações proposto, em termos de diversidade e riqueza temática?

Penso que podemos aprender com pessoas oriundas de outras disciplinas, profissões e competências, porque nos podem transmitir conhecimento que se revela útil na nossa missão. Assim, a presença de uma maestrina de uma grande orquestra pode ensinar-nos muito sobre disciplina, gestão e encadeamento do tempo, liderança. É interessante poder ouvir falar deste tipo de questões, não apenas de hipertensão ou de diabetes. Trata-se de uma forma de ajudar os colegas a entrarem num novo enquadramento mental.

Mas para além da conferência a que alude, existem outras mais técnicas e clínicas, sobre assuntos como a interpretação de sinais corporais na consulta ou a relevância dos rastreios, por exemplo…

É fundamental mostrar o grau de diversidade que hoje marca a Medicina Geral e Familiar na Europa e no Mundo. Por isso, tornar-se natural encontrar para o programa científico speakers que são pessoas interessantes, abordam temas atrativos e se caracterizam pela diversidade. As pessoas gostam deste género de atividades e é delas que estão à espera, num congresso desta magnitude.

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