20ª Conferência da WONCA Europa
A abertura da 20ª Conferência da WONCA Europa em Istambul, que irá decorrer até ao próximo dia 25 de Outubro, no Centro de Congressos de Halic, ficou marcada pela certeza de que a ciência e o conhecimento conseguem ultrapassar todos os obstáculos.
No arranque deste evento, que reúne perto de 3500 participantes, de aproximadamente 80 países, Dilek Guldal (presidente da conferência) mostrou-se agradada pelo facto de os recentes episódios de violência verificados na Turquia não terem esmorecido o interesse dos médicos de família em procurarem a melhor atualização: “a presença de todos estes colegas mostra que a violência e o terror jamais colocarão um fim à ciência”. Nota similar deixou o presidente da WONCA Mundial, Michael Kidd, para quem é evidente que neste caso vingaram os melhores valores civilizacionais: “o objetivo do terror é o de imobilizar as pessoas. É bom que todos estes colegas não tenham deixado que tal acontecesse”.
Já Job Metsemakers, presidente da WONCA Europa, garantiu que esta conferência “tem o potencial para ser um grande evento, comportando uma novidade importante, as sessões BRITE, que permitem a um maior número de colegas ter uma intervenção direta e ativa”.
Como o drama dos refugiados afeta os sistemas de saúde
Numa sessão dedicada ao tema do desenvolvimento e desafios da Medicina Familiar, tornou-se óbvia a pressão sentida pelos profissionais do sistema de saúde turco (entre os quais os médicos de família) devido à atual vaga de refugiados que entrou no país e que trouxe consigo novas necessidades em saúde. “A Turquia providencia aos refugiados uma cobertura em saúde quase universal. Foram registados cerca de 2 milhões de refugiados e existem orientações para que o seu acesso aos serviços de saúde seja uma realidade e que até possam beneficiar de apoio de um médico de família. Contudo, esta população movimenta-se com enorme rapidez e circula entre cidades e regiões, dando origem a grandes dificuldades. A Turquia está um pouco sozinha nesta adversidade e precisa de ajuda internacional”, frisou na ocasião Okay Basak, presidente da Associação Turca de Médicos de Família.
Job Metsemakers considerou que, sem dúvida alguma, o peso de uma tal avalancha de refugiados só poderá ter um forte impacto num sistema de saúde como o turco e, em particular, “sobre os cuidados de saúde primários e o trabalho dos médicos de família turcos”.
Tiro de partida para um vasto programa
Antes mesmo da cerimónia de abertura da conferência, decorreu o Conselho Europeu da WONCA, fórum em que foram debatidos os mais relevantes temas para o desenvolvimento da Medicina Geral e Familiar no Velho Continente e em que marcaram presença os dirigentes da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), nomeadamente o presidente e vice-presidente associativos, respetivamente Rui Nogueira e Jorge Brandão, assim como o ex-presidente da APMGF, Luís Pisco.
Referência também para os trabalhos da Pré-Conferência do Movimento Vasco da Gama e vários cursos pré-congresso, entre os quais se destaca o curso sobre as dificuldades da gestão da asma, no qual participou o futuro presidente do International Primary Care Respiratory Group e médico de família português Jaime Correia de Sousa.
Os representantes lusos estiveram também em destaque no workshop “The Impact of Gender on Everyday Practice”, organizado pelo Grupo “Equally Different” do Movimento Vasco da Gama, no qual participaram como facilitadores Luís Pinho Costa e Yusianmar Mariani.