Doutoramento na FMUP
Paulo Santos, médico de família na Unidade de Saúde Familiar – USF – São João (Porto) e docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) – Departamento de Ciências Sociais e Saúde/Unidade de Medicina Geral e Familiar – concluiu naquela instituição as suas provas de doutoramento no dia 17 de julho, tendo sido aprovado pelo júri por unanimidade.
A tese de doutoramento apresentada por Paulo Santos designa-se “O Eletrocardiograma nos Cuidados de Saúde Primários” e está centrada num conjunto de estudos sobre o recurso a este meio de diagnóstico no âmbito dos cuidados de saúde primários (CSP), mais concretamente na USF São João (anteriormente Centro de Saúde de São João).
“Na unidade de saúde onde trabalho, desde há vários anos que fazemos a leitura dos eletrocardiogramas (ECG) realizados pelos utentes. Fomo-nos apercebendo, ao longo do tempo, que a maioria dos ECG não tinha um motivo especial para ser levada a cabo e a que a generalidade dos resultados era normal. Isto desencadeou um conjunto de perguntas de investigação a que procurámos responder e que acabaram por ser materializadas neste tese”, explica o médico da USF São João.
No cômputo geral dos estudos que verteram dados para este tese de doutoramento, foram avaliados cerca de 3000 ECG realizados na USF São João/Centro de Saúde de São João, entre 2006 e 2011.
Entre os principais resultados apurados, Paulo Santos destaca três: “a maioria dos ECG realizados nos CSP revelam-se normais e sem alterações. Por outro lado, do ponto de vista do impacto direto sobre os doentes, existem duas questões a realçar. Primeiro, numa fase aguda e perante sintomas mais ou menos típicos, estes exames têm uma clara utilidade para referenciar ao hospital ou alterar medicação. Segundo, no caso dos doentes com dor torácica atípica, o ECG revela-se uma mais-valia, já que os doentes melhoram após realizarem o exame. Conseguimos medir essa melhoria através do número de vezes que o doente visita o médico no ano seguinte à realização do ECG. Assim, foi possível aferir uma redução de 0,6 consultas no prazo de um ano neste grupo de doentes (passando de 4,6 consultas anuais para 4,0 consultas), diminuição que liberta recursos que podem ser alocados a outros utentes e a outras situações que exijam maior atenção por parte do médico de família”.