14º Encontro de MGF do Alto Minho
Igor Faria e Pedro Medeiros, internos de MGF das USF Gil Eanes e Atlântico, respetivamente, foram os protagonistas de uma interessante sessão durante a qual apresentaram os “prós e contras” de vacinas que não fazem parte do Programa Nacional de Vacinação (PNV) e ainda a questão da recusa de vacinação por parte de alguns pais e encarregados de educação.
Portugal apresenta uma taxa de cobertura superior a 95%. A obtenção destes resultados resulta do empenho dos profissionais de saúde e da confiança dos cidadãos nos benefícios da vacinação. Contudo, Igor Faria e Pedro Medeiros alertaram para o perigo de inversão da perceção do risco por parte da população, aliado ao mito de as doenças alvo das vacinas que integram o PNV estarem praticamente extintas. O exemplo recente do surto de sarampo na Europa mostra o contrário. “Só mantendo altos índices de vacinação se obtém a imunidade do grupo”, frisaram.
As doenças exantemáticas na criança foram alvo de uma exposição magistral por parte de Idalina Maciel, assistente graduada de Pediatria do Hospital de Santa Luzia, em Viana do Castelo. Em foco, estiveram doenças como o sarampo, escarlatina, rubéola, eritema infecioso, exantema súbito, varicela, febre escaro-nodular, doença meningocócica e mononucleose infeciosa.
Nelson Puga, diretor clínico do Departamento Médico do Futebol Clube do Porto, completou o painel, com a abordagem das principais questões relativas ao exame médico desportivo na criança e no adolescente.
O 14º Encontro de MGF do Alto Minho concluiu com a atribuição de prémios às melhores comunicações livres e pósteres e ainda o sorteio de duas inscrições para a 19ª Conferência Europeia da WONCA. Este evento major da Medicina Familiar europeia, organizado pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) vai ter lugar em Lisboa, entre 2 a 5 de Julho de 2014.
A entrega dos prémios foi efetuada, no âmbito da sessão de encerramento do 14º Encontro, pelo Prof. Doutor Pinto Hespanhol (representante do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos), António Fradão (diretor clínico para os cuidados de saúde primários da Unidade Local de Saúde do Alto Minho), Nelson Rodrigues (representante da direção da APMGF) e Sofia Azevedo (delegada distrital de Viana do Castelo), entre outros. No total, foram apresentadas 49 comunicações orais e 91 pósteres, selecionados de entre 225 resumos enviados à Comissão Científica do 14º Encontro.
A visibilidade e tradição do Encontro, que desde há muito ultrapassou as fronteiras do Alto Minho para abranger todo o país, assim como o elevado número de trabalhos de investigação apresentados por especialistas de MGF, internos e respetivos orientadores de formação, foram apontados pelo Prof. Pinto Hespanhol como o resultado de um trabalho associativo intenso e um sinal muito positivo, no que diz respeito ao futuro da especialidade.
Embora não tenha podido estar presente na sessão de encerramento do 14º Encontro, Rui Cernadas (vice-presidente da ARS do Norte), encarregou António Fradão de ler uma mensagem aos médicos de família e internos da especialidade ali reunidos. Entre outras questões, aquele responsável esclarece – na sequência da polémica desencadeada pelo facto da ARS do Norte ter escolhido, de um lote de indicadores possíveis para a avaliação de desempenho assistencial nos centros de saúde, a proporção de idosos com 75 ou mais anos que toma regularmente mais de cinco medicamentos – que “indicadores não são normas, nem recomendações. Nem os médicos ou as unidades podem virar objeto mercantilista”. Sublinhando que “a iliteracia que grassa na sociedade portuguesa parece contagiosa, tal a confusão de conceitos e de sentido”, Rui Cernadas dá o exemplo da polimedicação do idoso: “um arbusto foi tomado por uma floresta e, ainda por cima, perdido no tempo e no espaço”.