Concurso APMGF e Rede Médicos Sentinela:
A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), em parceria com a Rede Médicos Sentinela (RMS), vai sortear duas inscrições para o 21º Congresso Nacional a realizar em Vila Real de 29 de setembro a 1 de outubro de 2017. Para participar basta que seja médico sentinela, tenha uma participação ativa na RMS no ano de 2017 e seja sócio da APMGF.
A inscrição no concurso decorrerá durante o 34º Encontro Nacional da APMGF. O sorteio realizar-se-á na cerimónia de encerramento do Encontro e as inscrições serão oferecidas aos premiados presentes.
A RMS tem atualmente cerca de 110 médicos, entre especialistas e internos de Medicina Geral e Familiar. Está numa fase de renovação, com entrada de colegas mais novos, ainda durante o período de internato, o que se tem refletido no aumento da atividade da Rede, em particular na proposta de novos estudos.
“Estamos também a dar os primeiros passos na criação de Rede Sentinela Locais em parceria com o Agrupamento de Centros de Saúde de Almada/Seixal. Consideramos que estas Redes Locais contribuíram para aumentar a participação na RMS, ao mesmo tempo que vão permitir o estudo de problemas de saúde específicos a nível regional e local. Queremos que a RMS continue a crescer, em especial no interior do país, e que daqui a dez anos a Rede funcione como uma plataforma de investigação com linhas de investigação específicas”, garante Ana Paula Rodrigues, coordenadora nacional da Rede.
Atualmente a RMS tem vários trabalhos em desenvolvimento, em diferentes fases de implementação. Entre os mais relevantes destaca-se a vigilância da gripe feita em articulação com o Laboratório de Referência para a Gripe e Outros Vírus Respiratórios. É este trabalho conjunto que permite identificar o início da epidemia de gripe, a monitorização da evolução da sua intensidade e a caracterização dos vírus da gripe em circulação. “Ainda no campo das doenças transmissíveis, temos dois estudos cujos objetivos são estimar a efetividade da vacina contra a gripe (EuroEVA) e estimar a efetividade da vacina contra a pneumonia pneumocócica (PneumoPAC). Estes dois estudos integram o estudo de âmbito Europeu (IMOVE+), financiado pelo Programa Europeu Horizonte 2020”, avança Ana Paula Rodrigues.
Este ano a Rede está também a implementar dois estudos com seguimento. O primeiro intitula-se “A Pergunta Surpresa em Medicina Geral e Familiar na doença oncológica e na doença avançada de órgão”. Este estudo teve início em janeiro e tem como objetivo avaliar a fiabilidade de instrumento de medição a ser usado pelo médico de família na identificação de necessidades de cuidados paliativos. O segundo é o Estudo ATAC (Adesão à Terapêutica Anticoagulante) que terá início mais próximo do segundo semestre e que tem como objetivo avaliar a adesão dos doentes com fibrilhação auricular à terapêutica anticoagulante.
Para mais informações sobre a Rede Médicos Sentinela poderá utilizar o endereço eletrónico ms.onsa@insa.min-saude.pt.
Fique também a conhecer aqui alguns dos testemunhos de médicos sentinela, que enriqueceram a sua vida profissional/académica e pessoal através da colaboração com a Rede:
“A integração na RMS representa a responsabilidade sentida pelos médicos de família na vigilância da saúde e da doença da comunidade, pela posição privilegiada em que se encontram”.
“A rede constitui um facilitador ímpar para os médicos com interesse na área da investigação, quer em termos metodológicos e estatísticos, quer da disponibilidade de dados abrangentes. É de grande interesse a participação na reunião anual dos médicos sentinela, tratando-se de um verdadeiro encontro e partilha de experiências. São aí apresentados os resultados da investigação que é feita a partir dos dados obtidos a nível nacional”.
“A nível local, a criação da RMS Almada-Seixal tem atraído a participação de mais médicos sentinela pela relevância do projeto. Acreditamos que o aumento da representatividade local poderá responder – ou talvez levantar – muitas questões”.
“Ao tornar-me médica sentinela, encontrei um grupo de colegas de diferentes áreas mas com um interesse comum: o de trabalhar para garantir a vigilância epidemiológica de problemas de grande impacto e ter a oportunidade de delinear estratégias de melhoria”.
Joana Oliveira
“Ao tornar-se Médico Sentinela, um Médico de Família ganha tudo… menos mais dinheiro…”.
“Ganha sensação de importância, de se tornar num elo de uma cadeia que conta com ele, que depende também dele, da sua permanente atenção para notificar, para enviar as notificações, para contribuir para que se faça investigação com seriedade”.
“Ganha prestígio. Não tendo o seu nome «escarrapachado» nas primeiras páginas das revistas, sabe quais são as publicações, os trabalhos apresentados pelos investigadores onde está um agradecimento aos Sentinela, uma palavra de apreço para com a rede que somos todos nós”.
“Ganha espírito de curiosidade, interesse em saber como está a nível nacional o panorama da diabetes, da hipertensão, da bronquite crónica, da depressão e como e quanto a sua própria experiência local se aproxima ou distancia da realidade do país” .
“Ganha novas amizades, conhecimentos com gente gira que, no final das jornadas de trabalho, encontra sempre momentos para descontrair e conviver, mesmo em tempos de crise!”.
“Para terminar, diria que não é preciso ser Médico Sentinela para ser feliz… mas ajuda muito!!”.
Manuela Mira
“Tornei-me médico sentinela em setembro de 1990. Na altura era um jovem clínico geral com três anos de trabalho num centro de saúde rural do distrito de Coimbra. Perante a proposta feita, em sessão organizada pela Direção-Geral dos Cuidados de Saúde Primários na ARS de Coimbra, pelo Dr. José Marinho Falcão de integrar um grupo nacional que pretendia fazer investigação epidemiológica a partir do trabalho do dia-a-dia, notificando as situações em estudo que fosse identificando, aceitei o desafio”.
“O que ganhei do ponto de vista profissional foi o ter integrado um grupo de médicos muito dinâmicos, que notificava a realidade das situações ocorridas na sua lista de utentes e que anualmente se reunia para discutir, por vezes de forma acalorada, os estudos a desenvolver”.
“O que ganhei do ponto de vista científico foi muito. O interesse pela investigação epidemiológica e o ter aprendido a desenvolvê-la. O ter feito várias apresentações em reuniões médicas e ter publicado vários artigos com dados da rede”.
“O que ganhei do ponto de vista humano, foi o ter conhecido e feito amizade com vários colegas, de diferentes regiões do país, unidos por um interesse comum, o desenvolvimento de investigação em cuidados de saúde primários”.
José Augusto Simões
“Em termos profissionais e científicos, a integração na RMS permite ao Médico de Família conhecer de forma mais realista a prevalência e incidência de algumas patologias e problemas de saúde específicos, não só no seu ficheiro clínico, como também a nível nacional”.
“Promove o espírito de equipa, a investigação e o espírito científico, com possibilidade de partilha de conhecimentos, experiências e, até, dúvidas, entre os seus elementos integrantes. No âmbito de algumas atividades específicas da Rede permite até incrementar o conhecimento em áreas estatísticas e epidemiológicas, através do estímulo à formação e participação em cursos organizados”.
“Em termos humanos, o Médico Sentinela ganha uma maior partilha e interação entre os seus pares, Médicos de Família e Internos de Medicina Geral e Familiar de todo o país, o que enriquece, em última análise, as suas experiências pessoais e humanas”.
Sara Marques