No 33º EN:
No dia 4 de março, pelas 09h00 e na Sala Estoril do Centro de Congressos do Estoril, irá decorrer uma sessão integrada no 33º Encontro Nacional dedicada ao tema da sexualidade feminina. Esta sessão será moderada por Paula Galante (médica interna de MGF na USF Santa Joana, ACeS Baixo Vouga) e terá como palestrantes Maria do Céu Santo (ginecologista/obstetra do Hospital de Santa Maria – Lisboa) e Pedro Vieira Baptista (ginecologista/obstetra do Hospital de São João – Porto).
A sessão incluirá como temáticas centrais as principais etiologias das disfunções sexuais femininas, bem como as condicionantes para a vivência de uma sexualidade saudável e feliz no ponto de vista da mulher.
Tendo em consideração a multidimensionalidade de fatores que podem afetar ou intervir na resposta sexual feminina, a abordagem da problemática é necessariamente ampla, com enfoque quer numa perspetiva psicossocial (transmitida por Maria do Céu Santo), quer através de uma perspetiva orgânica (cuja apresentação ficará ao cuidado de Pedro Vieira Baptista).
Segundo a moderadora, Paula Galante, “no decurso da prática clínica, ainda se constata uma maior centralização de cuidados no âmbito da saúde reprodutiva, com relativa desvalorização da saúde sexual. Se, por um lado, é considerável o número de utentes cuja agenda esconde uma queixa ou dificuldade do foro sexual, ora porque a pessoa não verbaliza a queixa, ora porque o médico de família não aborda a questão, por outro lado ainda há médicos que sentem dificuldade ou inadequação na abordagem do tema na prestação de cuidados longitudinais a tais utentes, e, portanto, mesmo com uma relação de confiança”.
Ainda de acordo com a médica da USF Santa Joana “em termos formativos médicos, a sexualidade ainda é globalmente ensinada nas universidades numa perspetiva meramente biológica, em detrimento de uma perspetiva biopsicossocial, sendo a abordagem da sexualidade fracionada pelas diversas disciplinas, situação que não facilita a sua abordagem em consulta. O diagnóstico das disfunções sexuais é tão importante quanto a identificação de qualquer outro problema, dado o impacto que apresenta na qualidade de vida das pessoas. Como tal, é importante que o médico incorpore nas consultas questões relacionadas com a saúde sexual dos utentes, quando necessário ou adequado, por forma a relativizar e tornar natural a abordagem do tema perante os mesmos, questionando o porquê, o quando, o como e o quê, sem nunca se esquecer de escutar, ser pró-ativo e abordar de forma positiva a sexualidade, sem transpor para o utente princípios ou ideologias próprias que possam afetar ou condicionar a forma como cada um vivencia a sua sexualidade”.
Os problemas sexuais orgânicos mais frequentes que surgem na consulta de MGF também serão dissecados nesta sessão. “É com relativa frequência que as mulheres referem queixas como diminuição da lubrificação, vulvodinia e dispareunia, entre outras e que, devidamente abordadas, podem ser orientadas”, explica Paula Galante.