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Teresa Ventura conclui doutoramento na área da doença crónica

Na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa:

A Medicina Geral e Familiar (MGF) conta com mais uma doutorada entre as suas hostes. A médica de família Teresa Ventura concluiu as suas provas de doutoramento na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa (FCM – UNL), com a tese “Doença crónica: intervenção do médico de família para limitar as repercussões na pessoa e na família”. O júri que avaliou os seus méritos foi presidido por Jorge Torgal e integrou ainda Isabel Pereira dos Santos, Alberto Pinto Hespanhol, Luiz Miguel Santiago e Luís Rebelo.

O trabalho que serviu de base ao doutoramento da médica de família da USF Santo Condestável (Lisboa) está ancorado à avaliação de 132 estudos de caso, referentes a doentes crónicos observados pela autora na sua unidade de saúde de origem. Nestes casos, Teresa Ventura identificou as repercussões da doença crónica, os fatores condicionantes de adaptação à doença e as suas próprias intervenções clínicas destinadas a mitigar o impacto da doença. Os casos foram apresentados num conjunto de sessões clínicas (com recurso a uma grelha de observação) e analisados pela restante equipa médica da USF Santo Condestável, que desempenhou assim o papel de grupo auditor.

A autora utilizou uma metodologia de investigação qualitativa, conhecida por «teoria grounded», cada vez mais em voga nas ciências sociais e humanas, na qual os resultados emergem a partir dos dados recolhidos e se valoriza a obtenção de dados através de entrevistas e observação/exploração de todo e qualquer tipo de material escrito.

“Este trabalho tinha três objetivos. Identificar as repercussões da doença crónica, identificar e caracterizar os fatores condicionantes da adaptação à patologia e, por último, descrever as intervenções médicas para limitar os efeitos deletérios da doença crónica na pessoa e na família, promover uma adaptação à doença e evitar o emergir de disfunções familiares que resultam do stress provocado por essa mesma doença crónica”, declara a médica de família.

O trabalho mencionado possibilitou, entre outras coisas, agrupar as diferentes intervenções que um médico de família pode realizar no acompanhamento do doente crónico em 15 tipologias diferentes. Segundo Teresa Ventura, é importante conhecer-se estas diversas tipologias de intervenção no doente crónico, “não só em termos didáticos e para a formação pré e pós-graduada, mas também para a consolidação da identidade da MGF e para o planeamento do trabalho dos médicos de família. É fundamental que todos nós saibamos bem o que andamos a fazer e como ocupamos o nosso tempo. Sobretudo numa época em que se verifica a tendência de alocar cada vez menos tempo a cada consulta”.

A médica da USF Santo Condestável sublinha, ainda, a circunstância de os casos por si estudados no contexto deste trabalho de doutoramento se reportarem a um grupo de utentes com doenças crónicas muito diferentes entre si, algo que não é comum neste género de investigação: “grande parte dos trabalhos que existem sobre doença crónica adotam uma perspetiva categorial. Ou seja, incidem sobre populações com diagnósticos específicos (como diabetes, hipertensão ou asma) e focam-se num número restrito de repercussões e fatores condicionantes de adaptação à doença crónica. No meu caso, optei por uma abordagem não categorial, partindo do princípio de que neste contexto de análise há mais diferenças entre uma pessoa doente e uma não doente do que entre dois indivíduos com doenças crónicas distintas. Por isso, procurei construir uma teoria global sobre o que representa a doença crónica para a pessoa e para a família”.

Teresa Ventura é médica de família há 28 anos, integra o corpo docente do Departamento de Medicina Geral e Familiar da FCM – UNL, foi orientadora de inúmeros internos ao longo das últimas décadas e desempenhou funções como diretora de internato de MGF na Região de Lisboa e Vale do Tejo.

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