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Trabalho sobre doentes com sintomas somatoformes revela importância de não iatrogenizar

José Mendes Nunes conclui doutoramento

A Medicina Geral e Familiar (MGF) conta com um novo doutorado, o médico de família José Mendes Nunes. Conhecido pela sua longa carreira clínica e por ter já exercido diversas funções dirigentes de relevo (foi, inclusive, Subdiretor-Geral da Saúde), José Mendes Nunes prestou provas durante dois dias na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa (FCM-UNL), tendo a sua tese de doutoramento sobre doentes com sintomas somatoformes em MGF sido aprovada pelo júri por unanimidade, com distinção e louvor. O júri que avaliou esta tese foi presidido por José Miguel Caldas de Almeida, englobando também Isabel dos Santos, Graça Cardoso, Cristina Ribeiro, Alberto Pinto Hespanhol e Rui Mota Cardoso.  
 
Segundo o próprio José Mendes Nunes, alguns dos dados nascidos desta tese de doutoramento são bastante reveladores: “determinei que 8% das consultas realizadas em contexto de MGF (no caso em São Julião de Oeiras) são com este tipo de doentes. Um valor que deverá ser superior, quando transposto para a realidade nacional. Mas o mais importante é entendermos que existem doentes com este género de sintomas, que tal situação é normal e que é muito importante não os medicalizar e iatrogenizar com diagnósticos. Temos de aceitar e compreender os medos revelados por estas pessoas, que se julgam mais doentes do que a generalidade da população”.  
 
O autor da tese entrevistou 15 destes doentes, no sentido de perceber quais as suas reais necessidades e expectativas, ao nível do acompanhamento em saúde. Através deste estudo qualitativo, José Mendes Nunes procurou pistas sobre aquilo que estes doentes desejam que os médicos façam, quando os procuram. “Percebi que os doentes anseiam, sobretudo, pela escuta. Que as suas queixas sejam validadas e que o médico reconheça que os sintomas que descrevem fazem parte do seu sofrimento. Não querem tanto medicamentos, pretendem antes de mais ser compreendidos”, explica José Mendes Nunes.
 
A investigação realizada aflora também a necessidade das equipas de saúde dos CSP necessitarem de formação adequada, para lidar com os doentes com problemas de saúde mental, para além da integração de novos perfis profissionais na equipa (psicólogos, psicoterapeutas, etc.).
 
Para Isabel dos Santos, membro do júri e diretora do Departamento de Medicina Geral e Familiar na FCM-UNL, a tese de doutoramento de José Mendes Nunes comporta três dimensões valiosas: “é um trabalho que não só tem uma grande qualidade em termos de investigação, como pode ser aplicado na prática clínica e no dia-a-dia. Além disso, também pode ser muito útil do ponto de vista da formação médica, quer no nível pré-graduado, quer no pós-graduado”.

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