Conferência “Sintomas” – 19º Congresso Nacional
Durante a conferência intitulada “Sintomas”, António Vaz Carneiro (diretor do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência – CEMBE) propôs uma parceria com a APMGF e os médicos de família portugueses, no sentido de serem geradas tabelas-padrão de sintomas e sinais a serem investigados no âmbito dos problemas mais comuns com que se deparam os especialistas de MGF nas suas consultas. “Trata-se de uma abordagem estruturada, que diminua um pouco a incerteza que envolve os sintomas”, explicou o especialista em Medicina baseada na evidência.
Tal empreitada justifica-se em grande medida, segundo Vaz Carneiro, pelo facto de uma larga percentagem das pessoas que consultam o seu MF não possuir uma doença consolidada e de aproximadamente 1/3 dos sintomas reportados pelos doentes não ser justificável por qualquer patologia. Por outro lado, o sucesso diagnóstico nos CSP pode ser alcançado em 85% dos casos com base numa história clinica bem-feita, aliada a um exame físico rigoroso e adequado.
“Não podemos, com a informação científica e estatística de que dispomos na atualidade, adivinhar qual o sintoma ou sinal que devemos investigar de seguida no doente que acompanhamos. Do ponto de vista da racionalidade e da economia de tempo isto não faz sentido e não traz benefícios para os doentes”, avança o diretor do CEMBE.
Ao abordar o atual contexto médico, muitas vezes caracterizado pela tendência para o sobrediagnóstico e para a sobremedicalização (e à luz das mais recentes evidências), Vaz Carneiro adianta que nos CSP e perante sintomas banais e indivíduos com perfil de risco reduzido, é sempre mais sentado optar por uma ”abordagem conservadora – sintomática e pouco agressiva”.