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APMGF e SPMI colaboram em múltiplas áreas em benefício do doente

Através de memorando de entendimento:

A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) e a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) assinaram um memorando de entendimento que dará origem a posições e ações concertadas em múltiplas áreas, como sejam a formação pós-graduada e contínua, a investigação e a criação de grupos de trabalho conjuntos, focados em problemáticas centrais como a gestão do doente agudo.

Durante a assinatura deste memorando, realizada no auditório da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, Luís Campos (presidente da SPMI) sublinhou que este “será lembrado como um dia importante para as duas especialidades e para o sistema de saúde em Portugal”. Para além de todo o trabalho frutuoso que as sociedades «irmãs» podem fazer no âmbito da melhoria do acompanhamento partilhado do doente crónico, com co-morbilidades ou agudo, no domínio da formação clínica e técnico-cientifica de interesse mútuo e do fortalecimento da comunicação entre níveis de prestação de cuidados, é ainda de esperar que, a partir deste memorando, possam lançar pontes para cooperarem em termos de investigação. “Há uma enorme escassez de projetos colaborativos de investigação envolvendo as duas especialidades. Algo que não faz sentido, se atendermos a que tudo o que é feito nos hospitais se reflete nos centros de saúde e vice-versa”, explicou Luís Campos.

Já Rui Nogueira, presidente da APMGF, classificou a existência de um memorando de entendimento entre as duas sociedades como uma espécie de redundância, tal é a proximidade natural entre Medicina Geral e Familiar e Medicina Interna, acrescentado ainda que a APMGF e a SPMI vão estar também de mãos dadas na defesa das carreiras médicas: “as duas sociedades têm uma visão comum sobre esta matéria. Desejam recuperar aquilo que havia de bom nas carreiras médicas, modernizando em simultâneo aquilo que é preciso atualizar. De facto, hoje percebemos que os colegas mais jovens não conhecem nem valorizam a carreira médica, algo que deve ser transformado”.
A APMGF e SPMI aproveitam o lançamento e divulgação deste memorando para deixar claro que estão juntas em algumas questões polémicas no seio da comunidade médica e de saúde. Desde logo, mostram-se ambas contra a criação de mais especialidades e competências médicas, algo que no seu entender teria a capacidade para introduzir níveis de complexidade ainda mais acentuados do que aqueles já existem, num sistema de saúde por vezes disfuncional e pouco comunicante e sinérgico. Por outro lado, dispensam a chamada municipalização da saúde, por a verem como uma perigosa forma de desligar os cuidados de saúde primários (CSP) dos hospitais e de promover enormes desigualdades no território nacional.

Aliás, no decurso do debate “Medicina Geral e Familiar e Medicina Interna: uma parceria para o futuro da Saúde em Portugal”, que se seguiu à assinatura do memorando, a ex-ministra da Saúde Maria de Belém Roseira partilhou desta opinião: “enquanto tivermos problemas de habitação e alimentação a desaguar no sistema de saúde será difícil avançarmos. E é aqui sobretudo que as autarquias podem ajudar, não tanto na gestão dos centros de saúde, sobre a qual nada sabem”.

De acordo com o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, a “assinatura deste memorando é a prova da responsabilidade que estas duas especialidades mantêm na sociedade portuguesa, que é muita. De facto, o médico de família é por excelência o gestor do percurso do doente nos CSP e o internista desempenha o mesmo papel no hospital”.

Por seu turno, Victor Ramos (médico de família e professor na Escola Nacional de Saúde Pública) mostrou-se esperançado num futuro muito risonho para as duas especialidades, face às oportunidades de crescimento que se lhes apresentam e que resultam em grande parte do enorme potencial humano que vão ter de desenvolver e treinar: “a formação de um elevado número de internos nas duas especialidades pode representar uma fantástica alavanca nos próximos tempos”.

Convidado a comentar os resultados do debate e a fazer um apreciação dos méritos do memorando no fecho dos trabalhos, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde Fernando Araújo felicitou as duas organizações pela coragem de alinharem posições em áreas tão complexas e exigentes e deixou um repto muito específico, o de replicarem entre nós campanhas já desenvolvidas no panorama internacional (de que são exemplo as iniciativas “Chosing Wisely” e “No hacer”), centradas em estratégias que visam diminuir procedimentos e testes médicos desnecessários e que conduzem amiúde à iatrogenia: “espero que se unam e iniciem este movimento em Portugal, um movimento que tem por fim não prejudicar o doente e dar preferência a escolhas médicas sensatas. Desta forma, talvez possamos poupar recursos que podem ser investidos mais tarde em cuidados de saúde relevantes e reduzir o índice de sobre utilização dos serviços”.

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