Dia Mundial do Médico de Família
As comemorações do Dia Mundial do Médico de Família envolveram centenas de médicos de família e internos da especialidade, que em grupo (mais de 50 foram formados) ou individualmente não perderam a oportunidade dada por esta efeméride para transmitir às populações informação sobre como prevenir a doença e adotar estilos de vida saudáveis, Este ano, a tónica da sensibilização esteve na importância da proximidade entre profissionais de saúde, instituições locais da comunidade e cidadãos, no sentido de garantir a melhor saúde e bem-estar possíveis para as famílias portuguesas.
As iniciativas de contacto com os portugueses foram de diversa índole e decorreram em quase todos os distritos de Portugal Continental e Ilhas. Em Lisboa, por exemplo, a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), através da sua Direção Nacional, organizou uma caminhada por uma Saúde mais inclusiva, que partiu da sua sede em direção ao Jardim Mário Soares (Campo Grande). Ali, junto ao edifício Caleidoscópio, os participantes na caminhada juntaram-se a um grupo de colegas do Agrupamento de Centros de Saúde de Lisboa Norte, para uma ação intitulada «Juntos pela Saúde no Campo Grande». Uma iniciativa apoiada pela Junta de Freguesia de Alvalade, que contemplou uma aula de «Family Zumba», com instrutora do ginásio Go Fit do Campo Grande. Vários médicos de família e internos de MGF interagiram com os frequentadores deste espaço público, concentrados no esclarecimento de dúvidas frequentes sobre saúde e doença e munidos de folhetos educativos sobre alimentação saudável, atividade física, consumo de tabaco e sobre o que representa o médico de família e qual o seu papel na saúde e na comunidade.
“Na realidade, nós desejamos promover a saúde dos nossos doentes todos os dias do ano, nas consultas. Ainda assim, percebemos que os dias mundiais são celebrações especiais para nos juntarmos e, enquanto comunidade de saúde, trabalharmos para algo que estamos a construir em conjunto. Por outro lado, o médico de família não pode apenas desempenhar um papel dentro do seu consultório, tem de estar na comunidade, uma vertente da nossa atividade que tem estado um pouco desprezada, até pela exigência do nosso dia a dia clínico. Assim, dias como este servem também para nos lembrarmos que temos uma missão que passa por estar e cuidar na comunidade, uma missão que vai além do que fazemos dentro dos centros de saúde”, afirma Sibila Amaral, coordenadora do grupo de profissionais que animou o Campo Grande.
O presidente da APMGF, Rui Nogueira, também passou pelo Jardim do Campo Grande, fez questão de estar de corpo e alma na aula de zumba e reiterou a validade desta efeméride, que não deve ser esquecida: “ficamos muito satisfeitos com o envolvimento direto de tantas centenas de colegas, em todo o país. Trata-se de um dia muito importante para os médicos de família, porque enfatiza aquilo que é o nosso papel na comunidade. A Associação tem procurado realçar este dia sobretudo com atividades comunitárias, porque desta forma é possível não só sublinhar o nosso papel no sistema de saúde, mais igualmente transmitir conselhos e mensagens úteis às pessoas, neste caso orientados para o exercício físico, fator crucial para a manutenção da saúde”.
Até ao próximo Dia Mundial do Médico de Família, em 2019, Rui Nogueira acredita que se pode efetivar um desejo: “Portugal está perante um desafio incrível, que é o de ter médicos de família para todas as pessoas. Mas queremos salientar que não basta existirem médicos de família disponíveis para todos os cidadãos, é preciso haver unidades de saúde devidamente estruturadas, com equipas de profissionais completas e competentes, para conseguirmos trabalhar devidamente, atingirmos os objetivos a que nos propomos e satisfazer as necessidades em saúde da população. Estamos perto de atingir tal desígnio – o de dar médico de família a todos – mas na verdade aquilo pelo qual também ansiamos é ter unidades de saúde condignas para todos”.
Emília Lopes foi uma das participantes que acorreu ao Jardim Mário Soares para tomar parte nas atividades ao ar livre: “gostei muito e penso que intervenções deste género motivam as pessoas para fazerem mais desporto, quererem ter uma vida saudável e serem felizes”. Residente em Lisboa, Emília ainda não tem médico de família atribuído. Quando tal se concretizar, confia que o seu médico estará empenhado em muito mais do que a gestão da doença: “espero do meu médico de família que seja alguém que se interesse pela promoção do exercício físico, pela nutrição e por tudo o que está relacionado com um estilo de vida saudável”.
A Junta de Freguesia de Alvalade voltou a ter uma participação muito ativa no planeamento das iniciativas deste Dia Mundial do Médico de Família na zona norte da capital. “A área da saúde é importantíssima, é transversal a qualquer idade e cada vez mais se fala não só do envelhecimento ativo mas também do sedentarismo entre as crianças e jovens. Por isso, é fundamental que apostemos neste tipo de iniciativas, que acabam por dinamizar as freguesias”, assegura Sandra Luís, técnica superiora de ação social da Junta de Freguesia de Alvalade. Esta instituição do poder local encarregou-se não apenas da obtenção de licenças, mas ainda dos contactos com os parceiros que permitiram organizar as atividades (como o ginásio que providenciou a instrutora) e da divulgação da iniciativa (através de mailing lists, redes sociais e cartazes em polos físicos).
Mais
a norte, em Gondomar, um grupo de internos de várias USF do ACES de
Gondomar levaram a cabo uma ação junto da população integrada nas
comemorações do Dia Mundial do Médico de Família. “Interagimos
com a comunidade, demonstrando as várias vertentes da nossa
atividade e os serviços que colocamos à disposição da população.
Efetuamos também um panfleto que distribuímos “face to face”
às várias pessoas com quem contactámos”, avança Nuno Pinto,
interno na USF Fânzeres.
Já
a USF São João da Talha associou-se à iniciativa internacional
“Walk with a Doc” começando a promover uma caminhada
quinzenal, com o acompanhamento de médicos e enfermeiros. Antes de
se começar a caminhar é apresentado um tema de saúde, onde os
participantes podem esclarecer todas as suas dúvidas com a equipa da
USF São João da Talha. “Esta iniciativa é aberta a toda a
comunidade e tem como objetivo incentivar a prática de atividade
física e diminuir a iliteracia em saúde sendo que o médico de
família tem um papel fundamental na promoção da saúde e na
mudança de comportamentos dos seus utentes e na comunidade”,
refere Maria do Rosário Rodrigues, interna de MGF e responsável
pelo projeto “Walk with a Doc – São João da Talha”.
Em
Chaves realizou-se uma sessão de burnout médico aberta à população
e a direção de internato Miguel Torga, reunida no seu V Encontro,
não deixou de celebrar condignamente a data.