Na ENSP:
A médica de família e coordenadora da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) dos Olivais Paula Broeiro-Gonçalves concluiu com sucesso as suas provas de doutoramento em Saúde Pública/Epidemiologia na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Universidade NOVA de Lisboa, apresentando a tese «Multimorbilidade em idosos dependentes ao cuidado das equipas domiciliárias da RNCCI na Região de Lisboa e Vale do Tejo». O júri destas provas foi presidido por João Pereira (ENSP) e integrou ainda Carla Nunes (ENSP), Helena Canhão (ENSP), Pedro Aguiar (orientador da tese e docente da ENSP), Vasco Maria (Faculdade de Medicina da Universidade NOVA de Lisboa – FMUNL) e António Vaz Carneiro (FMUNL). A referida tese de doutoramento teve ainda como co-orientadora a professora catedrática Isabel Loureiro.
Para o trabalho de campo que suportou este doutoramento Paula Broeiro-Gonçalves entrevistou 230 cuidadores informais de idosos dependentes visitados pelas equipas de cuidados continuados integrados que atuam na Região de Lisboa e Vale do Tejo. Para tal, recorreu a questionários estruturados, previamente validados e habitualmente respondidos em 20 a 30 minutos.
Segundo a médica de família, um facto em particular retirado desta investigação poderá ser importante, em termos futuros, para a academia e para a evolução do acompanhamento destes doentes: “a noção de que a marcha, como entidade complexa, é um indicador de saúde e independência. Gostaria também esta investigação ajudasse a que no futuro os outcomes em saúde fossem diferentes para esta população, que incluíssem mais a variável da qualidade de vida do que a sobrevida”.
Paula Broeiro-Gonçalves desde há muito se interessa pela questão da multimorbilidade na população idosa, contudo a sua rotina profissional veio despertar ainda mais o apetite por este tema de estudo e por outro tema paralelo: “enquanto médica de família, verifico as dificuldades diárias destes idosos e também dos cuidadores que deles tratam, algo que constituiu uma motivação extra para mim. Por outro lado, o meu estudo foi de certa forma formatado pela componente da exequibilidade. Ou seja, precisava de chegar aos cuidadores sem dar trabalho adicional aos meus colegas, que têm um horário já de si sobrecarregado. A forma que encontrei para colher os dados junto dos cuidadores acabou por ser, então, através do apoio das equipas de cuidados continuados, acompanhando-as nas visitas domiciliárias. Devo dizer que, após a meia de entrevista, a ideia com que fiquei foi que estes cuidadores (muitos deles com baixa escolaridade, mas capazes de prestar cuidados altamente diferenciados e tecnológicos) sentiram que tinha valido a pena a experiência e que alguém se dignara a vir de Lisboa para os ouvir, que se interessava por eles. Esta foi a parte mais gratificante do caminho que fiz”.