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MF algarvios enfrentam grandes desafios no terreno mas insistem em fazer a diferença pela positiva

4º Encontro de Médicos de Família do Algarve

Foram cerca de 160 os participantes que se reuniram no 4º Encontro de Médicos de Família do Algarve , levado a cabo pela Delegação Distrital de Faro da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) em Vilamoura, nos dias 26 e 27 de outubro. Durante esta oportunidade anual que os médicos de família do Algarve têm para se juntarem e debaterem ideias – com o apoio e a participação de colegas de outras partes do país (foi significativo, aliás, o número de inscrições de especialistas de MGF e internos da especialidade oriundos de outras regiões) – ficou a impressão que na atualidade a rotina profissional dos médicos de família da região não é fácil, devido sobretudo a constrangimentos ao nível dos recursos humanos, da organização de trabalho e das instalações. Daniela Emílio, delegada distrital da APMGF em Faro e membro da comissão científica e organizadora do evento, explica as razões para um cenário tão espinhoso: “alguns dos nossos colegas recém-colocados mostraram desagrado pelas condições em que estão a ser recebidos. De resto, existe um conjunto de situações que deveriam ser provisórias e que se vêm mantendo desde há meses, ou anos. Na cerimónia de abertura percebemos, também, que em Loulé a autarquia está apostar na renovação das instalações dos centros de saúde e que, por contraposição, em outros locais do Algarve não existem as mesmas condições, com centros de saúde sub-dimensionados para a população que servem e para o número de profissionais que acolhem neste momento”.

As dificuldades no setor da Saúde algarvio não se ficam inclusive pelos cuidados de saúde primários, facto comprovado pelas credenciais que alguns palestrantes do evento acabaram por alterar à última hora, como refere Daniela Emílio: “quando começámos a organizar o encontro, dois colegas de outras especialidades que convidámos ainda se encontravam nos quadros do Centro Hospitalar Universitário do Algarve. Porém, na altura do Encontro, já desenvolviam apenas clínica no setor privado. Saíram por frustração profissional. Isto demonstra que a falta de condições nas unidades é transversal a todo o sistema de saúde da região”. Apesar de tais obstáculos, a delegada distrital da APMGF acredita que os representantes da MGF no Algarve têm dado provas de resiliência: “nota-se que embora exista um grau crescente de descontentamento, as pessoas por amor à camisola vão todos os dias trabalhar e tentam melhorar a saúde da população algarvia”.

Violência contra profissionais de saúde e tabus da incontinência urinária geram grande interesse

O evento incluiu sessões sobre temáticas importantes para o médico de família, como o que fazer perante doentes com testes VIH positivos, a desmistificação dos tabus associados à depressão pós-parto, a poliartrite no idoso, a abordagem ao doente com fibrilhação auricular ou a incontinência urinária. “Em conversa com alguns colegas, após a sessão sobre a incontinência urinária, verifiquei que muitos se questionavam se colocam com a necessária frequência perguntas sobre esta condição aos seus doentes. Esperamos, pois, que os médicos presentes tenham ficado mais despertos para esta problemática”, declara Daniela Emílio.

No dia de fecho decorreram também dois workshops dedicados à violência no trabalho e à avaliação do ombro e do joelho. De acordo com Daniela Emílio, a opção por uma formação dedicada à violência no trabalho é plenamente justificada pelos sinais dos tempos: “tem havido um aumento de casos de violência contra os médicos de família e também da exposição pública dos mesmos. Considerámos que seria um tema apelativo para os colegas e que as medidas a adotar para contrariar esta violência mereciam ser discutidas”.

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