Gerais

Trabalhos arrancam com elevada adesão

36º Encontro Nacional de MGF

A trigésima sexta edição do Encontro Nacional de Medicina Geral e Familiar iniciou-se hoje em Braga, com aproximadamente 300 participantes em 13 workshops. Estas ações de formação, na sua maioria organizadas pelos grupos de estudos da APMGF, incidiram sobre temas técnico-científicos, mas também organizacionais, abarcando desde a avaliação do desenvolvimento infantil, até à abordagem da insónia nos cuidados de saúde primários. Um dos workshops que despertou especial atenção foi o que refletiu sobre a alimentação vegetariana no ciclo de vida, realizado pelo Grupo de Estudos de Exercício Físico e Nutrição (GENEF).

“Cada vez temos mais doentes que nos questionam se podem ou devem ter uma alimentação vegetariana, em todas as fases da vida, estejamos a falar de crianças, grávidas ou até idosos. Por isso, decidimos organizar este workshop, convidando a Dr.ª Mafalda Almeida, nutricionista, que nos veio trazer sobretudo os principais cuidados a ter quando as pessoas decidem adotar este tipo de alimentação, algumas ferramentas práticas para a consulta e pequenos conselhos que nos ajudam a melhorar o plano alimentar dos nossos doentes”, garante Ana Luís Pereira, membro coordenador do GENEF e médica de família na USF Aliança.

A sua colega Adriana Araújo (médica interna na USF Prelada e também membro do GENEF), acrescenta que a ideia fundamental por detrás desta ação formativa era a de “desmistificar as preocupações dos médicos em relação à alimentação vegetariana. Por vezes, e face a algum desconhecimento, temos algum receio em dar carta branca aos nossos doentes. Por outro lado, queríamos também mostrar que mesmo sem conhecimentos muito profundos de nutrição – algo que compete aos nutricionistas – conseguimos passar algumas dicas aos utentes, sobre ligeiras mudanças que podem fazer no seu dia-a-dia alimentar, suficientes para assegurar uma alimentação vegetariana segura. Em acréscimo, conseguimos também perceber quais as pessoas que devemos referenciar para uma consulta de nutrição, de forma a serem acompanhadas mais de perto”.

Adriana Araújo sublinha que o único grupo relativamente ao qual a alimentação vegan (e não vegetariana) está desaconselhada é o dos lactentes e crianças muito jovens: “em todas as outras fases do ciclo de vida, se for bem planeada e se a pessoa tiver o devido cuidado para não ter os défices de nutrientes que daí podem advir, a alimentação vegetariana é totalmente segura”.

Outro workshop invulgar realizado neste primeiro dia do Encontro Nacional aflorou a questão da liderança e de como esta, exercida pelos médicos de família, a nível micro e macro, pode contribuir para mudar positivamente o sistema de saúde. “Existem várias situações em que é importante o médico de família ocupar uma posição de liderança, não somente como coordenador, ou presidente de uma ARS. Dentro da sua própria organização é fundamental que os médicos saibam liderar as equipas em que estão inseridos, sejam eles coordenadores, membros dos conselho técnicos ou das várias equipas e micro-equipas de trabalho, ou até na relação médico/interno/aluno”, afirmou Maria João Nobre, representante europeia no ASPIRE Global Leaders Program da WONCA e uma das coordenadoras deste workshop.

De acordo com esta médica de família, “trata-se de um tema que começa a ser muito discutido, em termos nacionais e internacionais, que está em voga. Neste workshop, chegámos à conclusão de que falta formação sobre liderança entre nós e os colegas expressaram o interesse em ter mais conhecimentos nesta área”.


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