36º Encontro Nacional de MGF
O maior fórum nacional da especialidade está a ser participado por aproximadamente mil pessoas, que se deslocaram a Braga para um intenso programa científico e social que procura reforçar o papel do médico de família enquanto defensor – na linha da frente – da saúde dos cidadãos e do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A promoção do avanço da reforma dos cuidados de saúde primários (CSP), que ficou de certa forma estagnada desde o início da década, foi também um dos valores enfatizados no arranque dos trabalhos, com o presidente da APMGF, Rui Nogueira, a afirmar mais uma vez que “a meta do governo abrir 20 novas unidades de saúde familiar –USF – em 2019 é insuficiente, quando ao país precisaria de 200 novas unidades neste ano”. Já Carlos Nunes, presidente da Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN), prometeu que na sua região tudo será feito para dar um impulso decisivo à reforma: “gostaríamos que se resolvessem todas as contingências (instalações, equipamentos, etc.) para que daqui a cinco anos grande parte da região norte estivesse configurada em unidades de saúde familiar”. A cerimónia de abertura do Encontro Nacional ficou igualmente marcada pela assinatura de um convénio entre a APMGF e a Sociedade Espanhola de Medicina de Família e Comunitária (semFYC), que permitirá fortalecer os laços entre as duas organizações, em particular ao nível da formação contínua, possibilitando aos sócios da APMGF acederem a importantes programas de aquisição de competências e recertificação desenvolvidos pela sociedade congénere espanhola. “No Programa Actualización en Medicina de Familia – AMF – participam 9 mil médicos de família, que ao longo de 4 anos são expostos a todas as áreas de competência atuais da Medicina Familiar”, atesta Salvador Tranche, presidente da semFYC.
Cooperações no espaço ibero-americano vão fortalecer-se e abrir espaço para mais intercâmbios
“A cooperação no espaço ibero-americano é uma realidade que importa acarinhar. Através dela podemos ver como nestes países se desenvolve a nossa especialidade e como trabalham os nossos colegas, através de intercâmbios. Da mesma forma que podemos acolher colegas vindos da América Latina ou de Espanha, à semelhança do que pretendemos também fazer relativamente aos países africanos lusófonos”, garantiu Rui Nogueira na sessão sobre a Medicina Familiar no contexto ibero-americano.
Durante esta mesa a presidente da Confederação Ibero-americana de Medicina Familiar (CIMF), Jacqueline Ponzo, destacou sobretudo as imensas virtualidades que estão ao alcance dos médicos que são sócios das associações e colégios de medicina familiar dos países ibero-americanos, em particular no que respeita à realização de intercâmbios e estágios curtos: “o Waynakay, movimento de internos e jovens médicos de família da América Latina, desenvolveu uma rede de intercâmbios em locais certificados. Podemos e devemos utilizar e adaptar essa rede criada pelos jovens para proporcionar aos colegas mais velhos e aos orientadores a oportunidade de conhecerem também outras realidades de prática e outro tipo de intervenções comunitárias. Convido-vos a explorar esta dimensão de partilha de experiências”.