Cooperação com Cabo Verde
O projeto de parceria internacional, que envolve a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), o Ministério da Saúde e da Segurança Social de Cabo Verde e as Ordens dos Médicos dos dois países, está a dar frutos e deverá permitirá que, já neste mês de junho, se inicie a formação específica em exercício de Medicina Geral e Familiar (MGF) em Cabo Verde. O referido programa de formação em exercício deverá compreender um ciclo global de dois anos e envolverá, numa primeira fase, 14 a 16 formandos cabo-verdianos e sete orientadores de formação portugueses. A iniciativa implica não só módulos de formação à distância (com uso de plataformas e recursos eletrónicos), mas também momentos de formação presencial através de visitas programadas dos tutores a Cabo Verde e ao locais de trabalho dos formandos (com inclusão de consultas ombro-a-ombro) e visitas dos formandos a unidades de saúde portuguesas. Prevê-se, em paralelo, a apresentação de trabalhos dos formandos cabo-verdianos no Congresso e Encontro Nacional de MGF e a realização de conferências interativas on-line.
Detalhes da implementação faseada deste projeto foram recentemente delineados, numa reunião decorrida em Lisboa, entre representantes da Direção Nacional da APMGF, o bastonário da Ordem dos Médicos Cabo-Verdianos (OMCV), Danielson Veiga, a secretária do Conselho Diretivo Nacional da OMCV, Valéria Semedo e a diretora do Gabinete do Ministro da Saúde e da Segurança Social de Cabo Verde, Fátima Lima.
“De entre os cerca de 400 médicos que exercem em Cabo Verde, perto de 300 são generalistas. Para nós, ter uma cobertura por parte de médicos especialistas, nos diversos patamares de prestação de cuidados de saúde, seria uma vantagem enorme. Contamos com médicos altamente motivados, com vontade de trabalhar e de fazer uma especialidade, mas sendo Cabo Verde um país de parcos recursos, não temos tido a possibilidade de financiar e organizar a formação especializada de todos estes médicos”, garante Danielson Veiga.
O bastonário da OMCV declara que todas as partes envolvidas na parceria “agarraram o projeto com muita força” e que o plano de implementação está em curso: “resta-nos reconhecer a idoneidade dos locais de formação e finalizar o documento que irá reconhecer o título de especialista em MGF. Nesta primeira fase, deveremos ter perto de 14 formandos, mas cerca de 100 médicos cabo-verdianos já expressaram a vontade de obter o título de especialista em MGF, o que revela uma grande sede de formação por parte dos colegas”.
De acordo com Danielson Veiga “a partir de 2022, o país deverá já contar com alguma autonomia ao nível da formação médica pós-graduada, até porque neste primeiro grupo abrangido pelo projeto estarão, com certeza, pessoas com valências para liderar processos formativos. Por outro lado, temos já estudantes de Medicina da Universidade de Cabo Verde que estão a completar o seu curso em Portugal e alguns deles tornar-se-ão especialistas de MGF, regressando a Cabo Verde para fortalecer o grupo de futuros formadores”.
Grande desafio colaborativo
“Este projeto é muito aliciante e útil para os colegas de Cabo Verde e um grande desafio para a APMGF, dentro daquilo que é o nosso enfoque principal de atuação; a formação médica e o desenvolvimento profissional contínuo”, explica o presidente da APMGF. Rui Nogueira acrescenta que o primeiro curso de formação específica em exercício está claramente definido nas suas bases, com um programa estruturado, esperando-se que em breve uma delegação da APMGF, em conjunto com representantes das duas Ordens dos Médicos, faça um périplo pelos possíveis locais de formação hospitalares em Cabo Verde. “Tudo está bem encaminhado para que o curso inicial arranque em junho. Quem sabe se no dia 10 de junho… seria uma data simbólica e coincidiria com a visita do Presidente da República, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, a Cabo Verde”, conclui o presidente da APMGF.