Curso – Suporte Básico de Vida com DAE
O arranque do 23º Congresso Nacional de MGF e 18º ENIJMF ficará marcado por uma jornada de ações de formação em sala de acesso restrito, entre as quais se destaca um curso dedicado ao suporte básico de vida (SBV) com desfibrilhação automática externa (DAE), sob a responsabilidade do coletivo Formações Norte a Sul. Nesta breve entrevista, o coordenador do grupo de formadores, Renato Murteiro, oferece pistas sobre o que poderá retirar da participação neste curso eminentemente prático. Não esqueça, pode inscrever-se no curso aqui e faça-o com celeridade, uma vez que o número de participantes é limitado e a inscrição prévia é obrigatória.
Quais os principais objetivos desta ação de formação e de que forma estará estruturado o curso? Será eminentemente prático?
Renato Murteiro – Os objetivos gerais passam por adquirir competências que permitam aos formandos realizar corretamente manobras de SBV com utilização de um DAE, numa vítima em paragem cardiorrespiratória. Já no que respeita aos objetivos específicos, deseja-se que as pessoas identifiquem os potenciais riscos para o reanimador, executem corretamente as manobras de SBV – de acordo com as guidelines de reanimação mais recentes – conheçam o conceito de DAE, identifiquem as regras de segurança inerentes à utilização de DAE e os passos e a sequência de intervenções na DAE. O curso tem componentes teórica, teórico-prática e prática, sendo na maioria do tempo prático.
Que competências essenciais deverão os formandos reunir no final do curso? Que perfil possuem os formadores?
No final do curso, os formandos deverão ser capazes de compreender a cadeia de sobrevivência, executar o algoritmo de suporte básico de vida, aplicar adequadamente a reanimação cardiorrespiratória no adulto, executar corretamente a posição lateral de segurança, reconhecer os sinais de obstrução da via aérea, auxiliar uma vítima de obstrução de via aérea, executar o telefonema para o serviço de atendimento de emergência (112) com resposta às perguntas colocadas pelo médico regulador, compreender a aplicabilidade e utilizar adequadamente um DAE. Todos os formadores são profissionais com experiência e devidamente acreditados pelo INEM para o efeito.
Por que motivos devem os médicos de família estar devidamente capacitados nesta área de intervenção?
A paragem cardiorrespiratória é um acontecimento súbito que pode vitimizar pessoas de qualquer faixa etária, nos seus contextos de vida. Uma pessoa em paragem cardiorrespiratória e sem qualquer tipo de assistência perde a cada minuto entre 10 a 12% de capacidade de sobrevivência. A partir dos 5 minutos podem ocorrer lesões cerebrais irreversíveis. Está igualmente demonstrado que a desfibrilhação precoce, realizada entre 3 a 5 minutos após o colapso da vítima, resulta em taxas de sobrevivência de 50 a 70%. Neste sentido, torna-se fundamental a intervenção rápida de quem presencia uma paragem cardiorrespiratória, com base em procedimentos específicos e devidamente enquadrados, diminuindo substancialmente os índices de morbilidade e mortalidade associados à paragem cardiorrespiratória e aumentando de forma significativa a probabilidade de sobrevivência da pessoa. Apesar de nem todas as unidades funcionais dos Agrupamentos de Centros de Saúde estarem equipados com DAE, esta formação vai permitir que os profissionais possam dar resposta em SBV, caso seja necessário.
Parece-vos que a formação pré-graduada e pós-graduada dos MF não lhes tem dado as aptidões fundamentais para intervir ao nível do suporte básico de vida?
A atualização dos profissionais de saúde em SBV-DAE é fundamental, já que nem todos tiveram ações formativas no curso inicial e outros já as tiveram há muito tempo, necessitando de uma reciclagem. Assim, para assegurar a qualidade no exercício profissional, para além da qualidade exigida nos diferentes contextos académicos, a formação continua é essencial ao garantir uma permanente atualização e melhoria dos cuidados prestados.