Workshops e curso do 23º CN e 18º ENIJMF
Foram 187 os formandos que participaram nos 11 workshops e no curso do primeiro dia de trabalhos do 23º Congresso Nacional de MGF e 18º Encontro Nacional de Internos e Jovens Médicos de Família. O arranque dos eventos foi assim marcado por um elevadíssimo nível de formação teórica e prática em sala, nas mais diversas áreas de conhecimento e relativamente a diferentes necessidades em saúde.
Reclamado desde há muito para eventos nacionais da APMGF, o curso de suporte básico de vida com desfibrilhador automático externo (DAE) permitiu a um grupo de médicos de família obterem a desejada acreditação para atuarem devidamente apoiados naquela tecnologia e em socorro de doentes que entram em paragem cardiorrespiratória. Ministrado pela Formações de Norte a Sul, o curso durou todo o dia e foi um enorme sucesso. “Enquanto profissionais de saúde, em qualquer local podemos deparar-nos com pessoas em paragem cardiorrespiratória e é importante estarmos preparados para lidar com este tipo de situações. Alguns dos formandos disseram-nos, inclusive, que têm estes aparelhos (DAE) no seu local de trabalho, mas sem que exista alguém capacitado para os usar”, declarou-nos o coordenador do curso, Renato Murteiro.
Um dos workshops concorridos da primeira manhã do 23º Congresso Nacional foi o que incidiu sobre a síncope em cuidados saúde primários (CSP), organizado pelo Grupo de Estudos de Doenças Cardiovasculares da APMGF. Paula Oliveira, formadora do workshop, refere que o Grupo decidiu preparar esta proposta de atualização porque se trata de “uma área pouco abordada nas formações que temos, nos trabalhos que efetuamos. Por outro lado, é um evento muito frequente em CSP e pensa-se que metade da população mundial poderá ter pelo menos um evento de síncope ao longo da vida. Para mais, é uma entidade muito heterogénea, que pode surgir em diferentes utentes e contextos e com significados muito díspares”. Segundo Paula Oliveira, não existem muitas orientações e ferramentas direcionadas para a síncope em CSP, pelo que o Grupo sentiu a necessidade de criar um conjunto de novos instrumentos práticos que pudesse partilhar com os participantes do workshop: “construímos ferramentas de apoio à consulta, que distribuímos aos colegas, com os sinais para situações mais graves ou sinais de tranquilização, alguns graus de evidência de exames complementares de diagnóstico e dados específicos para poderem ensinar aos utentes o tipo de alertas que os devem fazer procurar o médico. Estes materiais que criámos incluem tabelas e guias, desenvolvidas a partir da análise das atuais normas e que esperamos no futuro partilhar com todos os sócios da APMGF”.
Outro workshop que despertou enorme interesse foi o desenvolvido pelo Grupo de Estudos de Nutrição e Exercício Físico subordinado ao tema das caminhadas, enquanto atividade aeróbica dinâmica e rítmica. “O objetivo deste workshop passava por incentivar as pessoas a formarem grupos de caminhadas e dar-lhes algumas ferramentas em termos de prescrição e aconselhamento em exercício físico. Mostrámos também alguns exemplos que temos nas nossas unidades, de modo a dar um impulso aos colegas, ao mesmo tempo que desmistificámos alguns mitos e carreiras”, explica Catarina Catroga, médica interna na USF Carcavelos e coordenadora do projeto de caminhada «Dar corda aos ténis». Uma das participantes entusiásticas desta formação, Francisca Topa (USF Carnide Quer), assegura que se inscreveu porque desde há algum tempo que procura lançar um desafio de caminhada aos utentes da sua unidade: “tinha a ideia prévia de lançar um projeto de caminhada na minha unidade e penso que nós, profissionais de saúde, temos um papel importantíssimo como testemunhas e exemplos de hábitos de vida saudáveis, lado a lado com os nossos doentes”. Francisca Topa não tem dúvidas de que “médico de família tem o dever, para com os utentes, de incentivar à prática do exercício físico” e pessoalmente encara a prescrição do exercício físico da mesma forma que olha para a prescrição de um fármaco, ou para qualquer outro tipo de aconselhamento. “O tempo global em consulta pode não ser o mais adequado, mas cabe-nos priorizar esta necessidade e encaixá-la na consulta, tal qual fazemos com as guias de tratamento que passamos para as mãos dos nossos doentes”, conclui.