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Organizações médicas anteveem mais quatro anos de árdua luta pelo SNS

No decurso do 12º Congresso da FNAM

No arranque do 12º Congresso da Federação
Nacional dos Médicos (FNAM), em Lisboa, vários foram os
representantes de organizações médicas e sindicais que expressaram
uma convicção comum: à entrada de um novo ciclo governativo e
legislativo e perante todos os sinais conhecidos, aproximam-se mais
quatro anos de combate contra a degradação do Serviço Nacional de
Saúde (SNS) e da carreira médica.

Para
o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM),
Jorge Roque da Cunha, esta será apenas a continuidade lógica do
percurso trilhado num passado recente: “passámos quatro anos
terríveis em termos de negociação. Com um governo apoiado pelas
esquerdas e que a toda a hora dizia que era a favor da contratação
coletiva, na prática o que se conseguiu foi menos do que migalhas.
Mesmo a publicação da limite das 150 horas para os contratos em
função pública ainda não ocorreu. O concurso para assistentes
graduados seniores foi recentemente publicado e engloba 200
profissionais, quando em dez anos e até 2016 se sabe que entraram na
reforma cerca de 1800 assistentes graduados seniores”. Assim, para
Roque da Cunha, o momento atual é de “desinvestimento no SNS, nos
equipamentos e nos recursos humanos”, uma tendência que teme venha
a consolidar-se na legislatura que agora arranca, até porque na
opinião deste dirigente as últimas greves feitas pelos médicos
“importaram muito pouco para o poder instituído e para António
Costa”. Ainda assim, Roque da Cunha deixa um alerta ao novo
executivo: “vai ser difícil, mas não lhes daremos tréguas (…)
Cá estaremos, no combate e em colaboração, a encontrar formas
imaginativas para que o poder nos respeite”.


Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, relembrou a
análise feita ao SNS num recente editorial do Lancet,
que em três parágrafos sumariou a falta de investimento: “lá
estava o essencial, mas faltava um elemento. As falsas notícias que
abundam em Portugal neste sector. Todos os dias se tenta introduzir
areia na engrenagem, acusar pessoas de fazerem aquilo que não fazem,
denegrir a imagem dos médicos, dos enfermeiros e de outros
profissionais. Tudo a pensar apenas num único objetivo, os votos”.
O bastonário da OM salientou que aos profissionais do SNS é muitas
vezes pedido o impossível numa base diária e que muitos deles
começam “a perder a motivação e a esperança”. A solução
apenas pode ser encontrada no congregar de esforços, com “todos
unidos em defesa da saúde dos portugueses”.

Opinião
partilhada também por Rui Nogueira, presidente da APMGF: “a união
é absolutamente chave nesta altura de refundar o SNS e as carreiras
médicas, os médicos não se podem deixar envolver em cisões.
Devemos debater ideias diferentes, sim, mas temos de estar unidos”.
O presidente da APMGF sublinha que os médicos “têm aguentado o
que foi feito ao SNS e à carreira médica porque são resilientes”,
qualidade que vai ser ainda mais exigida em anos vindouros. “Podem
contar com os médicos de família para esta luta em favor do SNS,
que temos de encarar com coragem, saber e união”, testemunhou
ainda Rui Nogueira.

Arménio
Carlos, secretário-geral da CGTP, alerta para o facto de os
próximos anos deixarem de ser de obsessão pelo défice para serem,
de “obsessão pela positividade do orçamento, pelo excedente
orçamental. Este excedente orçamental, que se avizinha para daqui a
pouco tempo, vai ser construído à custa de uma redução perigosa e
brutal no investimento público, de uma redução da capacidade de
resposta do SNS às necessidades da população de uma ausência de
resposta às propostas e reivindicações dos profissionais de saúde,
nomeadamente dos médicos e no que concerne às suas carreiras”. O
dirigente da CGTP assegurou que não haverá estabilidade no país,
“com maiorias absolutas ou relativas, caso não se dê resposta aos
anseios e exigências das pessoas, aos problemas concretos de quem
procura ter um médico e não tem, de quem passa meses à espera de
uma consulta”.




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