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Médicos de família defendem os melhores cuidados de saúde a crianças e jovens

Comunicado da Direção Nacional da APMGF

Lisboa, 30 de Outubro de 2019 – A Direção Nacional da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) foi surpreendida por um artigo publicado no Jornal «Público» no dia de hoje, 30 de Outubro de 2019, intitulado “Urgências de Pediatria – porque estão em colapso?”, da autoria de colegas especialistas em pediatria, membros do Colégio da Ordem dos Médicos. Esse texto incorre em lamentáveis erros de análise sobre a atual conjuntura de atendimento em serviços de urgência pediátrica e lesa – pelas acusações e avaliações sem fundamento – a imagem pública de competência e de qualidade de serviço dos especialistas de Medicina Geral e Familiar (MGF).

No referido texto os colegas pediatras referem que “todos reconhecem que os médicos de Medicina Geral e Familiar (MGF) são profissionais competentes, mas a sua formação pediátrica consiste em dois meses, claramente insuficiente para dominarem com segurança todas as vertentes do crescimento normal e da avaliação da doença aguda e crónica”. Esta afirmação é uma falsidade. O programa de formação dos médicos de família decorre em quatro anos de internato médico e é nos centros de saúde que são seguidas as crianças e jovens saudáveis e doentes. Justifica-se assim que os médicos internos de pediatria venham, e muito bem, fazer seis meses de estágio nas nossas unidades de saúde, onde são orientados por médicos de família. A formação dos médicos internos de medicina familiar realizada nos serviços hospitalares é complementar e inclui formação obrigatória em situações de urgência e emergência na área de pediatria. Mas esta formação é apenas uma parte do programa de formação médica dedicado à criança e ao jovem.

É neste contexto de honesta e útil camaradagem e no respeito pelos princípios éticos e deontológicos que mantemos excelentes relações com os serviços de pediatria e com a Sociedade Portuguesa de Pediatria. O desenvolvimento profissional contínuo concretiza-se com ações de formação comuns e partilha de conhecimento científico, como não poderia deixar de ser e sob a égide das nossas sociedades científicas.

Os autores prosseguem com uma declaração ainda mais absurda, ao adiantarem que “o exercício de funções com limitada formação ou creditação cria riscos, como recentemente se viu noutro caso mediático”, procurando confundir a opinião pública e colar a especialidade de MGF a recentes episódios de presumível erro médico, quando nenhum médico de família esteve envolvido, direta ou indiretamente, nos casos a que aludem.

Encaramos como legítimas, até positivas, as pretensões dos colegas pediatras de “proporcionar cuidados de Pediatria por pediatras nos centros de saúde”, em sequência de promessas eleitorais feitas num passado recente, de forma a garantir um correto atendimento de crianças e jovens em episódios de doença aguda. O que não podemos aceitar é que na defesa de tal ideia se enxovalhe outra especialidade médica, a MGF, se lancem inverdades sobre as competências dos médicos de família e se procurem aligeirar responsabilidades. Os médicos de família têm o inegável respeito e apreço dos portugueses, assim como os pediatras.

Esta posição pública e publicada presta um mau serviço à sociedade portuguesa, à opinião pública e à história da Medicina em Portugal. Ao garantirem que “se deve à pediatria o prestígio internacional do nosso Sistema Nacional de Saúde”, colocando à margem destas conquistas civilizacionais as outras especialidades médicas e os demais profissionais de saúde, os colegas estão a ser injustos e a incorrer em declarações infundadas.

Uma vez que os autores deste lamentável artigo não são apenas e só pediatras, mas também membros da Direção do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos, a APMGF solicitou um esclarecimento ao digníssimo Bastonário da Ordem dos Médicos. A bem da tranquilidade da comunidade e do trabalho de cooperação profissional, que sempre desejámos e do qual depende a integridade e desenvolvimento do nosso Serviço Nacional de Saúde, seremos intransigentes defensores da dignidade dos médicos. A defesa da saúde e segurança das nossas crianças e jovens assim o exigem.


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