Uma equipa de investigadores ligada ao Barómetro COVID-19 da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) chegou à conclusão de que a idade é o maior fator de risco para que alguém infetado com o SARS-CoV-2 venha a ser internado, admitido em cuidados intensivos ou morra em consequência da doença. Para chegar a este desfecho, os investigadores analisaram dados da Direção-Geral da Saúde referentes a uma coorte de aproximadamente 20.000 casos de COVID-19 confirmados, até 28 de abril de 2020. Após a análise desta informação, a equipa determinou que os indivíduos com 70 a 79 anos de idade infetados apresentam uma probabilidade de ser internados em cuidados intensivos 10,4 vezes superior à de uma pessoa com 0 a 50 anos. Se o doente tiver 80 a 89 anos, a sua probabilidade de necessitar de internamento hospitalar é 5,7 vezes superior à de um doente com idade compreendida entre os 0 e 50 anos. De facto, entre os doentes com 0 a 50 anos de idade inseridos nesta coorte, apenas 5,1% foram internados e 0,26% foram admitidos em cuidados intensivos, registando-se óbitos somente em 0,04% dos casos.
Se, por um lado, os investigadores aferiram que alguém infetado pelo SARS-CoV-2 e com outras doenças terá um risco aumentado de vir a necessitar de internamento, de admissão em cuidados intensivos ou de morte, por outro perceberam que as comorbilidades isoladamente têm riscos bastante inferiores ao da idade avançada, o que significa que uma pessoa com doença crónica em faixas etárias mais baixas apresenta um acréscimo de risco mais moderado.
Os dados denunciam também que os compromissos imunitários, bem como as patologias cardíacas, renais, pulmonares e neurológicas, são fatores de risco, independentemente da idade do doente. Assim, em comparação com outros doentes COVID-19 que não têm qualquer comorbilidade, as pessoas com imunodeficiência apresentam uma probabilidade 1,8 superior de necessitarem de internamento, os doentes cardíacos uma probabilidade quatro vezes superior de necessitar de cuidados intensivos e os doentes renais uma probabilidade de morrer três vezes superior. De uma forma geral, os homens apresentam formas mais graves da doença do que as mulheres.
Estes resultados sugerem que a estratégia para o controlo da COVID-19 deve assentar na tentativa de reduzir o número de casos graves e de óbitos. Para isso, será importante reforçar medidas que evitem que o vírus infete pessoas com mais de 70 anos de idade e que promovam uma vigilância epidemiológica apertada de centros de dia, lares e unidades de cuidados continuados.