A ministra da Saúde garantiu esta quarta-feira (1 de julho) na Comissão Parlamentar de Saúde, que os hospitais fizeram menos 902 mil consultas e menos 85 mil cirurgias até maio, por comparação com período homólogo de 2019, referindo ainda que dessas 902 mil consultas, 371 mil eram primeiras consultas. A governante sublinhou, na Assembleia da República, a importância e a necessidade de recuperar agora a atividade assistencial suspensa pela pandemia de COVID-19: “no nosso país conseguimos ter já alguma normalidade – dentro da nova normalidade que envolve a sociedade e os prestadores de cuidados de saúde – no Norte, Centro, Alentejo e Algarve. Na área de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) temos as contingências que conhecem e a razões de precaução que conhecem e que muito gostaríamos de ultrapassar. Mas temos também a perceção que, neste momento, a primeira resposta na região deve estar direcionada para a pandemia e que deve existir segurança relativamente a alguma reserva de capacidade assistencial, para um eventual crescimento da necessidade de utilização de cuidados hospitalares”.
Sobre os cuidados de saúde primários em específico (e no período de resposta a questões dos deputados) Marta Temido recordou que a quebra de consultas presenciais nos centros de saúde nos últimos meses não foi acompanhada e compensada por atos não presenciais em igual proporção, uma situação que será analisada em detalhe pelo Ministério da Saúde.
Filipe Froes defende que desconfinamento foi um fracasso
Ontem, durante a apresentação do manifesto “Salvar o SNS — estamos do lado da solução”, assinado por duas dezenas de personalidades (quase todas da área da saúde) e que apresenta propostas para «salvar» o SNS, o pneumologista e consultor da Direção-Geral da Saúde Filipe Froes afirmou que faltou uma estratégia no desconfinamento em Portugal, razão que justifica encontrarmo-nos no delicado contexto atual: “falhámos, desconfinámos com novos casos a rondar os 200 e não valorizámos os assintomáticos”(…) ao contrário da mitigação, no desconfinamento não houve uma estratégia clara. Não tivemos a capacidade de transformar dados epidemiológicos em conhecimento de saúde pública. Temos de mudar, ir à procura do vírus e não do doente”.
Na sessão de apresentação do manifesto, Marta Temido sublinhou que, pese embora os constrangimentos ao nível dos sistemas de informação e da burocracia, “não vamos conseguir nem responder melhor aos utentes nem pagar melhor aos profissionais de saúde enquanto não conseguirmos ser mais eficientes na forma como nos organizamos”. A governante assegurou também que a pandemia mostrou que recursos como as consultas presenciais podem, muitas vezes, ser substituídos por consultas à distância e que as instituições de saúde não podem ignorar os problemas do sector da habitação e dos transportes.