Representantes do Fórum Médico de Saúde Pública (estrutura que congrega a Ordem dos Médicos, os dois sindicatos médicos nacionais e a Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública) estiveram reunidos, através de videoconferência, com o Presidente da República para discutir os atuais desafios colocados pela pandemia de COVID-19 em Portugal e recordaram ao Chefe de Estado “as fragilidades em termos de recursos humanos, os problemas no planeamento e comunicação e a separação pouco clara entre a componente técnica e política” que afetam a Saúde, “problemas esses que têm também impacto no turismo e na economia e que podem arrastar Portugal para uma situação ainda mais complicada, num país com uma economia pouco consolidada”.
De acordo com comunicado emitido pelo Fórum após a reunião, “a falta de planeamento é ainda mais preocupante quando se sabe que começar já a preparar o inverno é imprescindível para lidar com uma possível segunda vaga, que encontrará um país mais pobre, com mais pessoas em lista de espera para cuidados de saúde e a que se somará a gripe sazonal. A valorização que foi dada em sede de orçamento extraordinário à Saúde Pública foi de apenas 700 mil euros em plena pandemia, o que impede o SNS de dar uma adequada resposta à pandemia por COVID-19 e futuras emergências de Saúde Pública”.
As diversas organizações que constituem o Fórum Médico de Saúde Pública chamaram ainda a atenção para a circunstância de os sistemas de informação não darem respostas fiáveis e de não estarem “a ser contratados todos os recursos técnicos e humanos que poderiam apoiar a Saúde Pública no rastreio de contactos”. Mais, os membros do Fórum asseguraram a Marcelo Rebelo de Sousa que “o reforço de 30 especialistas de Saúde Pública que a tutela divulgou não corresponde a um aumento efetivo do número de recursos humanos disponíveis, uma vez que esses 30 médicos internos que agora concluíram a sua formação especializada já colaboravam no trabalho até aqui realizado pelos serviços locais e regionais de Saúde Pública”.