A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) informa, por intermédio de relatório de monitorização do sistema de saúde, que embora o número de consultas médicas presenciais nos cuidados de saúde primários (CSP) tenha caído drasticamente nos meses de março, abril e maio deste ano, face a períodos homólogos de 2019 (quebras respetivamente de 33%, 73% e 66%), os médicos de família realizaram um esforço muito significativo ao nível das consultas não presenciais durante a fase mais intensa do confinamento pandémico, realizando mais 63% de consultas não presenciais em março deste ano face a período homólogo do ano transato, acréscimo esse que se cifrou em mais 103% em abril e mais 84% em maio.
O relatório da ERS demonstra que, relativamente à globalidade do sistema de saúde se verificou uma “queda acentuada” no acesso aos cuidados de saúde entre março e junho deste ano, devido aos constrangimentos causados pela pandemia. “O difícil enquadramento gerado pela situação de pandemia teve resultado imediato no sistema de saúde, sendo visível a queda acentuada da atividade programada e não programada na rede de estabelecimentos do SNS, sobretudo em virtude das alterações aplicadas à organização e prestação de cuidados de saúde, de modo a prepará-lo para responder à pressão a que poderia vir a ser sujeito, em função da evolução da pandemia”, refere a ERS numa informação sobre o impacto da COVID-19.
O documento mostra que, relativamente ao mês homólogo de 2019, em março de 2020 de registou uma queda de 16% no número de consultas médicas hospitalares realizadas presencialmente no SNS, tendo a variação negativa alargado até aos 35% e 31%, respetivamente, nos meses de abril e maio últimos. Ao nível da realização de cirurgias, os hospitais do SNS tiveram “uma redução significativa a partir de março, com o volume de cirurgias programadas em abril e maio a ficar, respetivamente, 78% e 57% abaixo do verificado nos períodos homólogos de 2019”. O internamento (médico e cirúrgico) de doentes agudos no SNS apresentou uma queda na ordem dos 15%, 38% e 32%, respetivamente, em março, abril e maio. Por outro lado, o número de episódios de urgência hospitalar foi 37%, 52% e 45% inferior respetivamente nos meses de março a maio, por comparação com iguais meses de 2019.