Executivo assume promessa pública de investimento nos CSP em 2021

Entrevistada pela rádio TSF, em vésperas do debate do Estado da Nação que concluiu na Assembleia da República a sessão legislativa, a ministra da saúde garantiu que o governo de António Costa pretende eleger os cuidados de saúde primários (CSP) com uma das prioridades para o investimento das verbas do Fundo de Recuperação Europeu. “Os centros de saúde vão ser reforçados, aproveitando as verbas do programa europeu de recuperação económica”, afirmou a governante durante a conversa com o jornalista Nuno Domingues. Acrescentou, ainda, que “haverá alguma necessidade de investimento, designadamente em termos de independência dos CSP ao nível da capacidade de diagnóstico e terapêutica”.

No que respeita à meta da atribuição de uma equipa de saúde familiar a cada português até 2023, a ministra confessou que esta é “uma meta que está sistematicamente a fugir-nos debaixo dos pés”, que mais de 600 especialistas de MGF reúnem até ao final de 2020 condições para pedir a aposentação e que a tutela terá que contratar todos os médicos de família que lhe for possível encontrar nos próximos tempos, a começar pelos “mais de 430 recém-especialistas com aprovação para irem a concurso”. Concurso de 1ª época esse que Marta Temido acredita poder concretizar-se em agosto. “O nosso objetivo é retê-los todos, algo que sabemos que não tem acontecido no passado”, esclareceu a governante.

Marta Temido repetiu, de novo, que é intenção do Ministério da Saúde, em articulação com outras entidades como autarquias e misericórdias, fomentar uma maior presença dos médicos de família nos lares e outros estabelecimentos residenciais para idosos.

Também em declarações à TSF e comentando as afirmações de Marta Temido, Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), sustenta que “o investimento nos CSP é bem-vindo, seja pelas verbas que vêm da Europa ou por outro meio do orçamento, é útil, esperado e necessário”, mas ressalva que os profissionais estão exauridos e que situação preocupante de escassez de recursos nos CSP, vivida desde há anos, foi agora agravada pela pandemia. “Já temos os sapatos apertados nos nossos pés. Os nossos pés já estão inchados. Ainda acresce que nalguns sítios nem sapatos temos. Portanto, antes de fazermos os médicos de família irem dos centros de saúde para os lares, é preciso pensar como isso se torna possível. Há uma série de problemas que é preciso resolver antes que isso aconteça e desenvolver um plano mais geral. Não basta dizer que os médicos de família vão para os lares”, ilustrou o presidente da APMGF à TSF.

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