Na DPOC e na doença invasiva meningocócica MF podem ter atitudes mais pró-ativas

O simpósio «Hot topics na prevenção», promovido como o apoio da GlaxoSmithKline (GSK) no 37º Encontro Nacional, revelou a importância do trabalho preventivo dos médicos de família portugueses e de uma atitude mais pró-ativa que estes podem assumir, em duas áreas fundamentais e em defesa dos seus doentes: o evitar de agravamento de sintomatologia e de hospitalizações de doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e a vacinação contra a doença invasiva meningocócica.

Na sua intervenção, Rui Costa (especialista em MGF e coordenador do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias – GRESP – da APMGF) aflorou aquele que deve ser considerado o novo paradigma no tratamento da DPOC, com base nas últimas recomendações da Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease – GOLD (organização que recentemente disponibilizou, aliás, uma aplicação que permite usar ferramentas digitais úteis no diagnóstico, avaliação e tratamento da doença) e explicou em que situações faz sentido transitar os doentes para terapêutica tripla. “Em termos globais, o estudo IMPACT mostrou que esta associação tripla é superior quer à associação furoato de fluticasona/vilanterol quer à associação umeclidínio/vilanterol em doentes com historial de pelo menos uma agudização moderada. A taxa anual de agudizações diminuiu nos doentes tratados com terapêutica tripla, cerca de 15% comparando com os doentes tratados com LABA/ICS e menos 25% em comparação com os doentes em regime de dupla broncodilatação (…) Outra mensagem importante deste estudo centra-se na circunstância de a mortalidade por todas as causas se ter reduzido em 42% no grupo a fazer terapêutica tripla, face à registada nos doentes em terapêutica dupla”. Rui Costa sublinhou ainda que aquilo que está hoje preconizado pela GOLD é que “aqueles doentes que permanecem sintomáticos ou com exacerbações moderadas ou graves e fazem LABA+ICS, ou que se mantêm sintomáticos com LABA+LAMA e têm contagem de eosinófilos superior a 100 células/μl devem evoluir para terapêutica tripla, porque a sua sintomatologia não está devidamente controlada”. A terapêutica tripla permite nestes doentes otimizar “não só o controlo sintomático, mas também as agudizações, que levam a uma maior deterioração clínica e perda mais acentuada da função pulmonar”.

Já no que respeita à doença invasiva meningocócica, o pediatra José Aparício (assistente graduado de Pediatria no Hospital de São João e coordenador do Serviço de Atendimento Pediátrico do Hospital Lusíadas Porto), relembrou que esta patologia, embora rara, instila verdadeiro pânico entre os profissionais de saúde que já tomaram contacto com as suas consequências. Lembrou, em paralelo, que poucas horas após a sua manifestação inicial a doença pode lançar a criança ou o adolescente para os cuidados intensivos e que embora continue a ser mais prevalente em Portugal o meningococo B, recentemente começaram a circular de forma mais comum na população portuguesa serogrupos como o W.

Ainda segundo este pediatra, é importante ressalvar também que a mortalidade da doença é mais elevada entre os adolescentes do que entre os lactentes, pelo que esta fase da vida das pessoas (aquela em que se concentra o segundo grande cluster de diagnósticos) não deve ser negligenciada: “temos aqui uma população relativamente à qual não podemos estar distraídos e que devemos ajudar”. Quer no caso dos lactentes, dos adolescentes ou de outros grupos de especial risco, a principal arma hoje à disposição da classe médica é a vacinação, uma vez que estão disponíveis novas vacinas meningocócicas, quer contra o meningococo B, quer tetravalentes conjugadas para os serogrupos A, C, W-135 e Y. “Mais do que estar à espera de usar antibióticos de forma precoce ou dos cuidados intensivos, a nossa arma passa sobretudo pela vacinação”, sublinhou José Aparício. Relativamente à vacina conjugada ACWY, menos propalada e conhecida junto da opinião pública, o pediatra acredita que é preciso fazer um trabalho de sensibilização e informação junto dos pais: “trata-se de uma opção que está disponível e sobre a qual devemos falar com os pais, informá-los e depois deixá-los escolher livremente se pretendem alargar a vacinação das suas crianças, pensando não só na MenB, mas também na proteção contra os serogrupos ACWY”. José Aparício reforçou, por último, que embora as crianças que nasceram após 2019 beneficiem da vacina meningocócica B no Plano Nacional de Vacinação (PNV), existe um dever da classe médica de pensar em todas as crianças e adolescentes que nasceram antes dessa data: “a inclusão daquela vacina no PNV é um grande marco para nós, povo português. Mas, insisto, que temos de continuar a vacinar contra o meningococo B (e contra os outros serogrupos) todas as outras crianças, que merecem esse cuidado”.

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