Na sessão «Na hora do interno: Internato em Tempos de Pandemia» analisou-se o impacto da pandemia no desenvolvimento normal do internato de MGF e de que maneira os internos foram, ou não, lesados na sua formação pós-graduada. Pese embora as naturais disparidades que possam existir de região para região, ficou a ideia de que em todo o país foi possível gerir este embate sem colocar em causa em demasia a qualidade formativa.
Carlos Cardoso, médico interno na USF Condeixa, assinalou que os internos apresentaram alguma apreensão e receio no início desta fase pandémica, face à possibilidade de “não apresentar este ou aquele trabalho, de fazer esta ou aquela consulta”, mas que em retrospetiva “os novos modelos on-line acabaram por garantir que possamos fazer alguns dos checks importantes no curriculum”.
Mariana de Azevedo Brites, interna na USF Corino de Andrade, não nega “que os internos estão a viver uma realidade muito peculiar, mas nota também que estes revelaram “iniciativa e capacidade adaptativa”.
Paulo Guariento, interno na USF Carnide Quer e membro da Comissão de Internos de MGF na Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), recordou os resultados de um inquérito feito aos internos de MGF naquela região, em abril deste ano, o qual revelou que “64% dos inquiridos consideravam que os objetivos formativos não estavam a ser cumpridos. Por outro lado, 56% dos participantes afirmaram que esta fase foi útil para a sua formação futura”. Ou seja, na perspetiva de Paulo Guariento, “a qualidade do internato pode estar a ser afetada, mas é difícil avaliar quanto. Em contraposição, os internos estão a obter competências importantes” que, de outro modo e sem as mudanças impostas pela pandemia, dificilmente conseguiriam recolher.
A diretora de internato do ACeS Cascais Ana Dantas recorda que em LVT foi possível jogar com a nova realidade, deslizando algumas «peças do puzzle» formativo: “na nossa região, conseguimos reprogramar todos os estágios. Houve necessidade de passar alguns estágios para janeiro ou fevereiro de 2021, mas não foi colocada em causa a avaliação continua dos internos. Posso dizer que não foi por aí que os internos saíram prejudicados”.
Já Maria da Luz Loureiro, coordenadora do Internato de MGF na Região Norte, assegura que foi “possível recuperar todas as formações opcionais. De alguma forma foi necessário priorizar os colegas do 3º ano, pelo facto de terem um período menos longo para completar formações hospitalares”.
No entendimento de Isabel Santos, presidente do Colégio de MGF da Ordem dos Médicos, este período está a ser desafiante, mas deve ser encarado pelos internos de forma positiva: “estamos a atravessar um momento Kairós, o nome dado ao deus grego da oportunidade. A oportunidade que nos força a refletir sobre a realidade em que vivemos”.