Foram administradas hoje (3 de fevereiro) as primeiras vacinas contra a COVID-19 referentes ao segundo conjunto de grupos prioritários da primeira fase do plano de vacinação e nos cuidados de saúde primários (CSP), destinadas a utentes com mais de 80 anos ou com mais de 50 anos e pelo menos uma de quatro comorbilidades: doença coronária, insuficiência cardíaca, insuficiência renal ou doença pulmonar obstrutiva crónica sob suporte ventilatório e/ou oxigenoterapia de longa duração. Estas primeiras vacinas foram administradas nas Unidades de Saúde Familiar (USF) Alvalade e Parque, em Lisboa, que mereceram a visita da ministra da Saúde e do primeiro-ministro. Até ao final da presente semana, deverão ser vacinadas cerca de 300 pessoas nas duas unidades de saúde lisboetas. A vacinação irá também arrancar amanhã (4 de fevereiro) na Região Norte, em sete locais específicos: Braga, Marão e Douro Norte, Porto Oriental, Póvoa de Varzim/Vila do Conde, Gaia, Gondomar e na Unidade Local de Saúde Nordeste. O Ministério da Saúde anunciou que planeia administrar perto de 900 vacinas até ao final da semana nesta região do país. As restantes regiões de Portugal terão de aguardar pela segunda semana de fevereiro para iniciar a vacinação dos utentes nos serviços dos CSP.
De acordo com o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Nuno Jacinto, “a vacinação pandémica nos CSP para os utentes com mais de 80 anos e os doentes com mais de 50 anos e patologias elegíveis está a ter o seu início esta semana, mas apenas de forma simbólica”, acrescentando que “com a exceção de algumas (poucas) unidades funcionais onde está a ser testada a implementação do plano de vacinação, a esmagadora maioria das USF e UCSP continua sem saber como vai executar esta vacinação, não sabendo ainda oficialmente quantos doentes tem para vacinar, nem quantas e que vacinas estarão disponíveis. Importa ainda clarificar de modo urgente de que forma será feita a convocatória e agendamento dos utentes, processo que deverá ter como princípio fundamental não aumentar ainda mais a sobrecarga burocrática a que já estamos sujeitos”.
Ainda segundo o dirigente da APMGF, “é urgente que esta informação chegue ao terreno de forma clara, inequívoca e atempada, para que possamos prestar a informação devida aos utentes, bem como (re)organizar o funcionamento das unidades e a nossa atividade assistencial, já tão prejudicada por inúmeras outras tarefas relacionadas com a pandemia”.
Em Lisboa, no tiro de partida da vacinação nos centros de saúde, Marta Temido assinalou que para o sucesso do arranque desta etapa de vacinação muito concorreu “a capacidade que houve de introduzir o sistema de mensagens, para que as pessoas possam ser chamadas a ser vacinadas, um processo que permitirá aprendizagens para outras práticas de agendamento de atividades assistenciais”. A inquilina da João Crisóstomo adiantou, também, que não ter médico de família atribuído no SNS não é óbice à vacinação, acrescentando que “as pessoas podem visitar o seu médico privado e, estando em condições de ser vacinadas, solicitar ao seu médico uma declaração que as considera elegíveis para vacinação”. Marta Temido adiantou, aliás, que até à passada semana “cerca de três centenas de pessoas tinham já este documento”.
Já o primeiro-ministro frisou que “esta nova fase do processo de vacinação é muito mais exigente do que as que tivemos até agora, abrange um universo de quase 900 mil pessoas (…) e exigirá uma grande capacidade de mobilização de todas as unidades de saúde envolvidas”. O governante mostrou-se satisfeito pelo facto de os utentes contactados por estas duas USF terem manifestado excelente adesão à vacina, mas deixou também um recado a todos os que, por ora, não serão vacinados e aguardam com alguma inquietude: “não vale a pena termos um excesso de ansiedade, correr para os serviços locais de saúde a pedir a vacina. Cada um será contactado para, no momento próprio, receber a vacina. É fundamental que respeitemos os critérios que as autoridades técnicas e de saúde definem como prioridade”.