Pedro Figueiredo no encerramento do 38º ENMGF – “Esta experiência intensiva em multitasking dará os seus frutos no futuro”

Pedro Figueiredo, jovem médico de família e membro do agrupamento Quatro e Meia, vai regressar aos grandes eventos da APMGF, para protagonizar a conferência de encerramento do 38º Encontro Nacional de Medicina Geral e Familiar (MGF), durante a qual pretende deixar a todos os colegas uma “mensagem de esperança e boa disposição”, numa fase difícil em que os médicos de família bem necessitam de quem os anime e resgate do cansaço pandémico. O músico e clínico acredita, porém, que os desafios da crise sanitária, que lhe têm esticado as capacidades até ao limite, poderão fazer de si um profissional mais capaz, se aprendidas as devidas lições.

 

Que temas gerais gostaria de abordar na sua comunicação para os colegas da Medicina Geral e Familiar em setembro?

Pedro Figueiredo – A minha abordagem nesta sessão será, certamente, de comunhão e partilha de um sentimento comum de assoberbamento e desgaste de todos os Médicos de Família, empenhados desde o início desta pandemia em dar a melhor resposta possível a uma miríade de solicitações. Falamos de toda uma classe habituada a gerir com proximidade as necessidades da sua população, tantas vezes já em esforço pela falta de recursos (humanos, técnicos, etc.), que passou a assumir também um fardo de «tarefas pandémicas», algumas de utilidade duvidosa e muitas vezes ao sabor de orientações erráticas. Ainda assim, foi capaz de vestir o «fato-macaco», pegar na chave-inglesa (mais ou menos ferrugenta) e encontrar soluções, resolver problemas.

A pandemia influenciou todos os aspectos da vida profissional e familiar dos MF no último ano e meio. Sente-se um médico diferente (para melhor ou para pior) em 2021?

Honestamente, no momento em que respondo à sua questão, não consigo pintar o cenário de forma muito romântica e confesso que me sinto cansado, exausto até. Costumo brincar com os meus amigos e digo que o meu processador claramente não foi feito para trabalhar em multitasking. Começa logo a sobreaquecer! Até parece um contrassenso porque toco bateria e tenho de coordenar os movimentos de várias partes do corpo em simultâneo… Mas deve ser mesmo a única excepção em que o sistema não encrava! Considerando que durante o último ano, para além do multitasking que a pandemia exigiu, também fui pai pela primeira vez, tenho a sensação que «passei de nível» e estou a jogar agora em «nível avançado», com o respectivo aumento de dificuldade. Acredito, portanto, que esta experiência intensiva em multitasking dará os seus frutos no futuro e melhorará as minhas competências nesta área. O que já seria um ponto positivo.

Esta é a segunda vez que realiza a conferência de encerramento do Encontro Nacional de MGF… O que significa este desafio para si e será esta segunda vez mais fácil do que a primeira?

Das duas uma: ou a primeira vez correu tão mal e a Comissão Organizadora, por pena, quer dar-me uma segunda oportunidade, ou já não se lembra muito bem como foi e, não querendo dar parte fraca, arrisca novamente em mim (até porque agora já fica tudo gravado online)! Agora «menos a sério»… Ser convidado para estas ocasiões é, naturalmente, uma honra enorme. Espero estar à altura do desafio e trocar a formalidade (para a qual não tenho muito jeito), pela partilha de uma mensagem de esperança e boa disposição, numa altura em que todos ansiamos pelo (re)Encontro.

 

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