O presidente da APMGF, Nuno Jacinto, prestou declarações durante o dia de hoje (9 de setembro) às estações televisivas RTP, SIC, TVI e Porto Canal, a propósito do encerramento dos centros de vacinação Covid-19 e da transição de responsabilidades da campanha de imunização para os centros de saúde, reforçando que é fundamental um bom planeamento e o esclarecimento cabal das equipas de saúde sobre o que irá acontecer e o que delas se espera, já que a carga de trabalho nos cuidados de saúde primários (CSP) é já muito intensa e incompatível com surpresas de última hora.
“É importante que com o encerramento dos centros de vacinação se verifique o regresso dos enfermeiros e dos médicos aos centros de saúde. Mas precisamos ainda de ver clarificado como vai ser feito este processo de vacinação pandémica, quer para os utentes que ainda não foram vacinados e que têm indicação para tal, quer também relativamente à denominada dose de reforço. No que respeita a esta dose de reforço, já existe uma norma da DGS, é possível identificar os utentes no sistema eletrónico, mas ainda ninguém sabe quando estes vão ser vacinados e como. Ora, nas unidades temos de definir circuitos, reajustar tarefas, voltar a adaptar a atividade”, explicou Nuno Jacinto à RTP.
O dirigente associativo descreveu a atual situação delicada também ao Porto Canal: “os centros de saúde já realizam a vacinação contra a gripe sazonal no final do outono e início do inverno, todos os anos, sendo previsível que este ano haja uma grande adesão à vacina da gripe, tal como sucedeu em 2020. Ou seja, habitualmente esta já é uma altura crítica para o funcionamento das nossas unidades e agora sê-lo-á ainda mais, neste contexto pandémico. Assim, com duas vacinações em simultâneo e a necessidade de criação de toda a logística inerente ao transporte, conservação e administração das vacinas, bem como o distanciamento físico que é preciso manter nas salas de espera e outros espaços das unidades de saúde, precisamos de tempo para nos prepararmos e dos recursos para levarmos a cabo mais estas tarefas. Não são «apenas» mais 100 mil vacinas, são mais 100 mil vacinas a acrescer a tudo o resto que temos de fazer nos centros de saúde e a toda atividade que necessitamos de retomar, porque é urgente que voltemos a vigiar os nossos doentes crónicos e os grupos de risco/vulneráveis”.
Nuno Jacinto acrescentou ainda na emissão da SIC que é imperioso informar os profissionais de saúde sobre o que aí vem e como devem atuar, na medida em que a procura da população por este apoio nos CSP se avoluma: “já temos utentes a receberem mensagens no telemóvel – após declaração emitida pelo médico assistente – dizendo que são elegíveis para a dose de reforço, mas ainda não temos nada para lhes dizer. Não sabemos quando serão vacinados, como serão vacinados, quem os vai convocar, como será feito esse agendamento”. Para o presidente da APMGF, há que colocar velocidade em todo o processo de comunicação e planeamento e, acima de tudo, perceber que os limites da força de trabalho estão prestes a ser ultrapassados nos CSP (se é que já não o foram): “os profissionais vão continuar a dar o seu melhor e a esforçarem-se o mais possível, mas nós (médicos, enfermeiros, assistentes técnicos) somos humanos, os nossos dias têm limites e por mais horas que façamos chegamos a um momento em que se torna impossível completar todas as tarefas que nos pedem”.