O primeiro dia do 38º Encontro Nacional de MGF – organizado este ano em formato híbrido, com participação presencial ou on-line – contou com 11 workshops e 175 formandos, numa jornada de intensa aprendizagem e partilha de experiências focadas na Medicina Familiar e nos cuidados de saúde primários (CSP).
Um dos primeiros workshops do dia, centrado na gestão da dor por parte do médico de família (MF) e promovido pelo Grupo de Estudos da Dor da APMGF, permitiu discutir interessantes casos clínicos. “Quisemos passar a mensagem, neste workshop, de que a dor é uma patologia cada vez mais prevalente, sobretudo nos CSP, onde têm surgido cada vez mais doentes com dores complexas e difíceis de tratar”, explica a MF Mariana Carvalho, membro do Grupo de Estudos da Dor. Ainda de acordo com esta clínica, “é fundamental que o MF esteja preparado para tratar a dor dos doentes, para que a mesma não se torne crónica”.
O recém-criado Grupo de Estudos de Saúde Digital (GESD) da APMGF estreou-se com ações de formação em eventos nacionais, através do workshop «Saúde Digital e o Médico de Família em 2021», que reuniu 19 formandos. “A nossa intenção primeira foi a de dar a conhecer o Grupo e mostrar que estamos recetivos a receber colaboradores. Já o segundo grande objetivo deste workshop foi o de perceber quais os pontos associados à digitalização da saúde que maior atenção despertam nos colegas e que problemas encontram na sua prática clínica diária, relacionados com a Saúde Digital. No fundo, desejamos compreender aquilo em que o Grupo pode ser útil, se devemos apostar em componentes como a formação, a regulamentação, etc.”, avança Maria João Nobre, do GESD, que destaca pois o carácter exploratório desta ação formativa.
Uma dimensão presente no quotidiano do MF em Portugal é, sem dúvida, a gestão dos doentes somatizadores, circunstância que justificou a realização de um workshop desenvolvido pelo Grupo de Estudos de Saúde Mental (GESM) da APMGF neste 38º Encontro Nacional. Para Paulo Guedes, membro/dinamizador do GESM e MF na ULS Matosinhos, esta foi uma formação “em que as pessoas interagiram muito e revelaram enorme interesse, facto que fez a sessão inclusive prolongar-se para além da hora agendada, face às inúmeras dúvidas apresentadas”. Com um balanço “claramente positivo”, o workshop dividiu-se entre uma primeira parte mais expositiva e uma segunda na qual pontuaram a discussão de casos e o role-playing. “As dificuldades suscitadas por estes doentes são frequentes no dia-a-dia dos MF e todos nós conseguimos, com certeza, encontrar vários utentes em consulta por semana que podem ser identificados enquanto doentes somatizadores, algo que ajuda a aumentar o engagement das pessoas perante formações nesta área”, conclui Paulo Guedes.