O presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Nuno Jacinto, afirmou em declarações à Agência Lusa hoje (28 de dezembro) que a demanda nas Áreas Dedicadas a Doentes Respiratórios (ADR) dos cuidados de saúde primários (CSP) portugueses está a crescer a um ritmo equivalente ao aumento registado de novos casos de infeção pelo SARS-CoV-2, algo que está a mergulhar os centros de saúde “numa situação de caos absoluto”.
“O que se passa neste momento é que temos muitos casos a aparecer todos os dias, muitos deles com sintomas que exigem observação presencial”, explicou Nuno Jacinto à Lusa, acrescentando que “as ADR da comunidade continuam a funcionar, na esmagadora maioria dos casos, só com médicos, enfermeiros e administrativos dos centros de saúde e isso faz com que das duas uma: ou nós estamos nos centros de saúde a ver todos os outros doentes não-Covid, que continuam a precisar dos nossos cuidados, ou literalmente abandonamos estes doentes e vamos para as ADR (…) não dá para fazer omeletes sem ovos, nem nós conseguimos estar em dois sítios ao mesmo tempo”.
O dirigente associativo acredita que são necessárias clarificações por parte das lideranças da Saúde, uma vez que embora existam “instruções nalguns locais para maximizar esta resposta nas ADR”, tal conduz a que seja necessário “parar a atividade nos centros de saúde”, pelo que é fundamental que a tutela defina claramente onde quer os profissionais e “assuma a responsabilidade dessa decisão”. Nuno Jacinto reforçou ainda que “com todas estas atividades, com profissionais que também ficam em isolamento, com os centros de vacinação, as ADR, os telefonemas do Trace-Covid e cada vez mais doentes positivos que têm de ser vigiados, o tempo disponível para os doentes não-Covid é cada vez mais reduzido”.