Departamento de Investigação da APMGF apresentou-se no Encontro Nacional!

A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) criou um Departamento de Investigação, que foi dado a conhecer no decurso do 39º Encontro Nacional de Medicina Geral e Familiar (MGF). O departamento conta no seu núcleo coordenador com Paulo Nicola, Gil Correia, Margarida Gil Conde e Raquel Ramos. “O objetivo é claro: promover a investigação em MGF! Este é um dos desígnios da atual Direção Nacional (DN), que entendemos ser de grande importância na afirmação da nossa especialidade e dos médicos de família. Além de desenvolver investigação própria, o departamento será um espaço aberto de discussão e de apoio aos projetos dos nossos associados. Pretende-se uma congregação de esforços e o estabelecimento de parcerias e ligações entre diversos agentes (clínicos, academia e outros), de forma a criar valor para a medicina. Além de aproximar todos os que fazem – e os que querem fazer – investigação em cuidados primários, pretendemos proporcionar a utilização de ferramentas de apoio e recursos para os projetos”, explica Gil Correia, membro da DN da APMGF e elemento do núcleo coordenador do Departamento de Investigação. Gil Correia acrescenta que “uma das metas fundamentais do departamento passa, também, pelo suporte e promoção da investigação no âmbito dos múltiplos grupos de estudo da APMGF, desde o desenho do protocolo, à sua implementação e futura disseminação científica. Queremos que este departamento seja o alicerce de uma estrutura que perdure na nossa Associação e molde os cuidados de saúde primários e os médicos de família do futuro”.

Em acréscimo, procuram introduzir-se mudanças na forma como a investigação é realizada, com redes de colaboração e parceria e um enorme suporte técnico e de gestão. “Os médicos são ótimos na identificação de questões relevantes, a «pensar os fenómenos» e a interpretar os resultados. Mas os projetos exigem imenso tempo, que os médicos não têm, e competências muito práticas, algumas que demoram anos a desenvolver. A combinação de profissionais de saúde e apoio técnico tem mostrado ser uma fórmula poderosa e fundamental. Aqui, o departamento pode fazer a diferença”, diz Paulo Nicola. “Um outro aspeto”, acrescenta, “é o trabalho em rede. As redes de investigação são dinâmicas que, bem cuidadas, multiplicam o estímulo, os resultados, as aprendizagens e o prazer de se fazer investigação. A MGF presta-se à criação de redes de investigação ágeis e dinâmicas, e esse é um dos nossos objetivos também”.

Apoio a investigadores surgirá de múltiplas formas

Uma das funções do departamento será, precisamente, apoiar os médicos de família e internos da especialidade com projetos de investigação em curso. De acordo com Margarida Gil Conde, “o departamento prevê tornar-se uma infraestrutura com capacidade para apoiar os investigadores a desenvolver projetos com valor social demonstrado. Esse apoio poderá ser facultado através de ações diretas, por exemplo através do apoio a candidaturas, consultadoria, apoio técnico, escrita científica em língua inglesa, apoio na prospeção de financiamento, candidatura a bolsas e na gestão de projeto. O departamento poderá ainda auxiliar na divulgação, comunicação, formação e qualificação dos estudos e investigadores, contribuindo de uma forma mais indireta, mas fundamental, para os projetos de investigação. Por último, está pensada uma visão estratégica para apoio a projetos de investigação com a organização de concursos e bolsas para financiamento de estudos científicos, como as que começam a ser divulgadas”.

Segundo Paulo Nicola, “a forma de implementarmos estas estratégias começou agora a ser trabalhada. Já a começamos a discutir com um grupo alargado de consultores, médicos de MGF investigadores nacionais, num processo que irá continuar. Algo que é óbvio é que temos de mobilizar e apoiar o trabalho, a experiência e os recursos já existentes, quer nas unidades, quer na academia, por exemplo, para a formação e para o apoio técnico que pretendemos promover”.

Investigação em MGF merece mais recursos e parcerias consolidadas

É consensual entre os elementos do núcleo coordenador a importância de reforçar o apoio e dinamização da investigação em Medicina Geral e Familiar (MGF). “Queremos mudar o panorama da investigação em MGF e para isso, contamos não só com o envolvimento dos médicos de MGF, mas também com o apoio e parceria de instituições e organizações com interesse na investigação em MGF. Não pretendemos que esse apoio seja unicamente monetário. Queremos garantir também apoio técnico e de gestão do projeto. Podemos adiantar que está a ser concretizada uma parceria entre a APMGF e a AICIB (Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica) de forma a instituir já neste ano de 2022 seis bolsas de investigação. O concurso para três destas bolsas já decorreu e será divulgado, em breve, o regulamento de participação para o concurso relativo às restantes bolsas”, refere Raquel Ramos.

A MGF necessita de investigação de qualidade

Tradicionalmente, a investigação tem sido considerada por muitos como o calcanhar de Aquiles da MGF, no seu percurso para a afirmação enquanto especialidade clínica. Ora, a criação deste novo departamento da APMGF poderá ser mais um passo importante para superar tal obstáculo. Para os elementos do núcleo coordenador, este é um aspeto chave, como refere Paulo Nicola: “sem dúvida que a investigação é uma atividade fundamental para o desenvolvimento de qualquer especialidade médica. Ela vai suportar a qualidade, a inovação e o suporte cientifico da decisão clínica”. Sobretudo, “há vantagens e especificidades óbvias para a MGF, como a transversalidade, o contexto central no sistema de saúde e a continuidade de cuidados. E há que compreender onde está a «tecnologia» no contexto dos cuidados de saúde primários: na relação com o doente, na gestão da doença crónica e nas abordagens das situações complexas”.

O grupo espera que, depois de toda a atenção que se deu ao desenvolvimento organizacional da MGF, a investigação possa ajudar num novo ímpeto de desenvolvimento. “Há barreiras que podem tornar-se vantagens. Por exemplo, o trabalho isolado pode ser mais facilitador das parcerias. O tempo escasso para a investigação pode levar a que modelos de apoio técnico à investigação, que existem em muitos hospitais através de gabinetes de apoio, tenham também sucesso na MGF, com as necessárias adaptações. Somos um Departamento de Investigação, temos que experimentar!”, sublinha Paulo Nicola.

O que a APMGF pode fazer, em conjunto consigo, pela investigação

A sessão de apresentação do departamento no 39º ENMGF, foi inicialmente pensada numa perspetiva de open meeting, com a intenção não só de divulgar a organização e objetivos do departamento, mas também de auscultar as necessidades que os sócios possam ter e o apoio que esperam de um Departamento de Investigação da APMGF”, diz Margarida Gil Conde. Ainda segundo Margarida Gil Conde “estamos, felizmente, perante uma APMGF muito dinâmica, com imensos projetos para apresentar e temáticas para debater no rescaldo de uma pandemia que abalou fortemente o SNS. Contamos utilizar os diversos meios disponíveis: redes sociais, página da APMGF, newsletters, para nos aproximarmos dos sócios. É essencial que os sócios conheçam este recurso e participem de forma ativa na sua promoção”.

A sessão de apresentação marcou também o inicio de um processo de manifestação de interesse e de acolhimento de iniciativas por parte dos sócios da APMGF, que ajudarão a dinamizar o departamento e a unir os médicos interessados no desenvolvimento da investigação em MGF. Para este fim, a APMGF, na sua página web, disponibiliza já um formulário para todos os que pretenderem colaborar, propor iniciativas ou serem convidados para as reuniões abertas (online) regulares que serão organizadas pelo departamento.

Os elementos do núcleo coordenador aproveitam para convidar todos os sócios da APMGF interessados em investigação a marcarem presença na primeira reunião aberta do departamento/conversa sobre investigação, que se irá realizar no dia 12 de abril, pelas 18h00.

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