Profissionais juntam-se em Aveiro para workshops de grande utilidade clínica

Foram 178 os profissionais de saúde que se reuniam na véspera do arranque do 39º Encontro Nacional de MGF, para participarem num ou em vários dos quinze workshops proporcionados pela organização do evento, a grande maioria deles desenvolvidos pelos grupos de estudos da APMGF. Uma parte significativa destas ações de formação focaram-se em temas pouco habituais mas muito valiosos para a evolução técnica e científica de médicos de família (MF) e internos de MGF.

Um exemplo foi o workshop projetado pelo Grupo de Estudos (GE) de Saúde Infantil e Juvenil, centrado no conceito de baby led weaning (ou diversificação alimentar conduzida pelo bebé) e que papel podem os MF desempenhar no esclarecimento dos pais, que contou com 27 inscrições. Mariana Moura Relvas, do GE de Saúde Infantil e Juvenil da APMGF, acredita que os seus colegas aderiram em força por “este ser um tema pouco falado, em particular durante a formação dos especialistas de MGF. Além de ser uma metodologia recente, hoje em dia claramente na moda e que leva os pais a perguntarem o que devem fazer e como devem fazer”. A MF confirma que em consulta “muitos cuidadores nos questionam ativamente sobre qual a nossa opinião, se concordamos ou não com esta alternativa e na realidade vai-nos faltando o fundamento científico para saber responder a tais dúvidas”, motivo pelo qual um workshop desta natureza fez todo o sentido.

Ainda relacionado com a saúde infantil, mas desenvolvido pelo GE de Saúde Mental (GESM) da APMGF, o workshop «Abordagem da perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA) nos CSP» analisou uma das condições mais polémicas e mediatizadas nos últimos tempos, que gera enorme ansiedade em pais e educadores e que exige competências reforçadas também por parte do MF, muitas vezes o primeiro técnico de saúde a quem recorrem os familiares preocupados. “Estas são crianças que embora sejam seguidas quase sempre por serviços hospitalares, também são acompanhadas por nós em termos longitudinais, até se tornarem adultos (…) Em causa está uma patologia que afeta gravemente o funcionamento das famílias e nós trabalhamos precisamente com famílias”, recorda Margarida Silva, membro do GESM. A dinamizadora do workshop assegura que na formação foram partilhadas “ferramentas interessantes com os colegas, quer ao nível do diagnóstico, quer de incentivo aos pais, com vista a fazer-lhes ver que nem tudo está perdido, que estamos aqui para os ajudar e apoiá-los na tentativa de encontrarem formas de lidar com estas crianças. O objetivo último é o de tornar as famílias mais funcionais”.

Ainda que nas idades mais velhas a PHDA possa estar sub-diagnosticada, Margarida Silva defende que “até aos quatro anos todas as crianças são de alguma forma hiperativas, sendo necessário portanto nesta faixa etária algum cuidado para não banalizar o diagnóstico e colocar rótulos nas crianças, que as acompanharão durante toda a vida”.

 

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