Vigília em Leiria pela MGF

Vigílias contra a insuficiência de vagas para MGF multiplicam-se e chegam a Leiria

À semelhança do que irá acontecer em Viseu, também em Leiria um grupo de especialistas e internos de MGF irá promover uma vigília no dia 30 de junho, pelas 19h30, na Praça Rodrigues Lobo, sob o lema «Para que todos os utentes tenham um Médico de Família». Esta ação de protesto volta a ser apoiada pela Comissão de Internos de MGF da Zona Centro (CIMGFZC), com uma forte mobilização da população local.

Hélder Balouta, médico interno de MGF na USF São Martinho de Pombal e representante dos internos do ACeS Pinhal Litoral na CIMGFZC, recorda que “segundo os dados fornecidos pela Presidente do Conselho Clínico e de Saúde do ACeS Pinhal Litoral, foram solicitadas 30 vagas e somente atribuídas pela tutela 8 vagas. O número de utentes sem médico de família no ACeS Pinhal Litoral, segundo dados de 1 de junho deste ano, é de 39.526 utentes”. O mesmo representante não tem dúvidas em afirmar que “tendo em conta a grande discrepância entre o número de vagas solicitadas e o número de vagas atribuídas, irá ser perpetuado o problema do número de utentes sem médico de família, uma vez que o número de novos profissionais a entrarem nas unidades pertencentes ao ACeS Pinhal Litoral é manifestamente insuficiente para suprir as necessidades. Aliado ao reduzido número de vagas disponibilizadas temos a situação das reformas de vários profissionais, o que a curto prazo irá agravar a situação”.

Para Hélder Balouta, é fundamental que o Ministério da Saúde não concentre apenas as atenções em torno da capital do país, esquecendo-se das dificuldades crescentes noutras partes do território: “a maioria das vagas são abertas na região de Lisboa e Vale do Tejo que, sem sombra de dúvidas, tem carência de médicos e um elevado número de utentes sem médico de família, mas não é retirando as vagas necessárias a outros locais que se vai resolver a situação, levando a que esse problema, que também existe nas restantes regiões, se agrave nesses locais”.

A sua colega na CIMGFZC e interna na USF Vitrius, Maria Felício, admite que os internos de MGF estão desiludidos: “existe descontentamento e cansaço por assistimos à elaboração de mapas de vagas que, no terreno, percebemos serem totalmente desajustados às necessidades atuais e futuras dos nossos ACeS. Concurso após concurso, torna-se desmotivador ver que os apelos dos profissionais não são ouvidos. Não é compreensível que, em 2022, existam tantos portugueses sem médico de família, mais ainda quando os próprios ACeS solicitam mais vagas do que aquelas que são atribuídas. Os médicos desejam que todos os portugueses tenham um acompanhamento adequado nos cuidados de saúde primários, mas por mais que nos esforcemos para atender a todos, é humanamente impossível orientar os utentes de listas já repletas e ainda responder a tantos pedidos de quem não tem como esperar outra solução”.

Ainda assim, Maria Felício está convicta de que as más decisões que impactam hoje a MGF não irão impedir o recrutamento de novos ativos no futuro: “não creio que estas dificuldades devam desmotivar outros colegas de enveredar pela especialidade, em particular na Região Centro, que tem tanto para oferecer a nível humano e profissional. É bom trabalhar aqui, é bonito servir esta população! Este «gorar de expectativas» é-o sobretudo para os utentes, que merecem os melhores cuidados – e deve motivar-nos a todos a unir esforços por um SNS justo e universal”.

 

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