No decorrer da última Assembleia Geral da European Union of General Practitioners (UEMO), realizada em Ljubljana (Eslovénia), aquela organização europeia que representa clínicos gerais e médicos de família do Velho Continente elegeu três dos elementos da Delegação Portuguesa, Tiago Villanueva, Catarina Matias e Pedro Fonte para as funções respetivamente de Presidente, Secretária Geral e Tesoureiro do Board da UEMO, para o período 2023-2026. Esta eleição decorreu numa Assembleia em que também marcaram presença Mónica Fonseca (assessora da Direção do Colégio da Especialidade de Medicina Geral e Familiar – MGF – da Ordem dos Médicos e igualmente membro da Delegação Portuguesa na UEMO) e Diana Gonçalves (membro do Conselho Nacional do Médico Interno e liaison officer para a UEMO da European Junior Doctors).
Na breve entrevista que se segue, os três elementos portugueses eleitos para o Board da UEMO explicam que estratégias irão desenvolver, nos próximos anos, à frente de uma organização que é a principal voz da especialidade junto dos poderes instituídos na Europa e o que representa esta escolha, em particular, para Portugal e para a MGF portuguesa.
Como encaram a eleição para a liderança da UEMO e a responsabilidade que tal acarreta?
É com muita satisfação que sentimos o encorajamento por parte das delegações dos países que compõem a UEMO, pelo reconhecimento da credibilidade e capacidade de liderança da delegação portuguesa, que inclui também a Dr.ª Mónica Fonseca, do Colégio de MGF. Temos plena noção de ter assumido uma tarefa complexa e exigente, dada a necessidade de reestruturação dos processos de trabalho, revisão dos estatutos e da forma de financiamento da organização. Não obstante, consideramos ter as capacidades necessárias, razão pela qual nos candidatámos e fomos eleitos de forma unânime.
Que tipo de impacto poderá a vossa entronização e trabalho futuro ter para a Medicina e a MGF portuguesa, em especial?
Com uma Presidência Portuguesa na UEMO, existirá necessariamente uma maior visibilidade do exercício da MGF em Portugal, salientando a nossa capacidade de trabalho, resiliência e vontade de contribuir para a melhoria contínua da qualidade, a melhoria das condições de exercício da Medicina e a segurança dos pacientes.
De uma forma resumida, quais serão as dinâmicas que tentarão imprimir durante a vossa presidência e que marcas distintivas pretendem deixar?
Apresentámos propostas de melhoria de processos, dinamismo e maior assertividade na defesa da nossa especialidade. Isso implicará uma diferente metodologia de trabalho com a necessária disrupção, assumida por nós. Passará também por tornar a organização e o seu trabalho mais visíveis junto da comunidade de MGF Europeia e órgãos/instituições Europeias com poder de decisão e regulamentação da nossa especialidade.
Para isso, é essencial recentrar o foco da ação nas questões e nos problemas com maior impacto atual nos médicos especialistas em MGF, alguns dos quais são transversais a todos os países europeus, como por exemplo a questão do recrutamento/fixação de médicos especialistas no sistema público, apesar das assimetrias no que respeita a remuneração e condições de trabalho. Tal como um dos delegados da UEMO referiu, nesta última Assembleia Geral: uma floresta continuará a sê-lo, embora as suas árvores possam não permanecer sempre as mesmas. Há que renovar, revitalizar, respeitando sempre a memória e a experiência já acumuladas, tornando-as nossas aliadas.