Shlomo Vinker, Presidente da WONCA Europa – “Estes são tempos desafiantes para a Medicina Familiar”

O 40º Encontro Nacional de MGF vai contar com uma sessão especial dedicada à antevisão da Conferência Mundial da WONCA em 2025, a qual decorrerá em Lisboa e será organizada em parceria pela APMGF e Região Europeia da WONCA. Neste debate participarão Carlos Martins, presidente da European Network for Prevention and Health promotion in Family Medicine and General Practice (EUROPREV) e Shlomo Vinker, presidente da Região Europeia da WONCA. Este último dirigente revela-nos, em breve entrevista, que em Vilamoura irá tentar aproximar os colegas portugueses das atividades desenvolvidas pela WONCA Europa e da realidade da MGF à escala europeia, não escondendo em simultâneo que os sistemas de saúde em geral e a especialidade, em particular, atravessam tempos difíceis. Um período de grandes mudanças, que aconselha cooperação, trabalho em rede e propósitos comuns.

Que assuntos fundamentais irá abordar durante a sua apresentação em Portugal?

Shlomo Vinker – A minha visita e apresentação deverão providenciar uma oportunidade aos colegas para conhecerem um pouco melhor as atividades e eventos da WONCA Europa e de se conectarem com médicos de família oriundos de outras partes do Velho Continente. Regra geral, a Medicina Familiar é um campo de intervenção importante, que desempenha um papel crítico no sistema de saúde, seja em Portugal, seja na restante Europa. Trata-se de uma disciplina focada na prestação de cuidados abrangentes, contínuos e personalizados a pessoas e famílias, sendo como tal essencial na promoção da saúde e do bem-estar das populações.

Acredita que a sua presença no Encontro Anual da APMGF poderá, de facto, aproximar os médicos de família portugueses do trabalho levado a cabo pela WONCA Europa e das iniciativas de formação que promove?

O que posso dizer é que participar em conferências e outros tipos de reuniões profissionais é uma opção valiosa para que os médicos de família permaneçam informados acerca dos últimos desenvolvimentos da especialidade, criem redes de colaboração e aprendam com peritos. A minha presença no encontro anual da APMGF pode abrir portas no sentido de todos se inteirarem do trabalho da WONCA Europa, assim como de se envolverem na sua estrutura e atividades. É, contudo, importante notar que a participação em conferências e reuniões profissionais é apenas uma das formas que os colegas têm à sua disposição para se manterem ligados à WONCA Europa. Outros caminhos possíveis incluem a adesão a sociedades científicas e sócio-profissionais no seu país, integrar comunidades ou fóruns online, ou até subscrever a nossa newsletter e outros serviços de atualização da WONCA Europa.

Na sua opinião, está a Medicina Familiar a atravessar tempos particularmente complicados na Europa e em todo o globo? A que género de ideias e palavras devem os médicos de família estar expostos, para que possam resistir e continuar em frente?

Certamente estes são tempos desafiantes para a Medicina Familiar, no rescaldo de uma pandemia com efeitos globais e consequentes solicitações impostas aos sistemas de saúde. Neste contexto, é importante para os médicos de família terem acesso a informação e recursos que os possam ajudar a tratar dos seus doentes com efetividade e a navegar os referidos desafios. Tal ajuda pode incluir normas de orientação clínica, mas também estratégias de saúde pública a implementar, ou até abordagens para a gestão do stress, para a redução dos riscos de burnout e consolidação do bem-estar profissional e pessoal. Sublinho que, dentro desta dinâmica, é ainda importante para os médicos de família serem capazes de estabelecerem ligações e aprenderem com a experiência de colegas de outras regiões e países.

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