Na sequência da recente publicação da lista homologada de candidatos admitidos e excluídos no concurso de colocação de especialistas em MGF, que deixou de fora cerca de dezena e meia de candidatos por falta de vagas e após um duro comunicado oficial da APMGF em que denunciava o facto de, numa fase crítica em que 1,5 milhões de portugueses não têm Médico de Família atribuído ser “incompreensível e inaceitável que nem sequer sejam disponibilizadas vagas em número suficiente para contratar todos aqueles que se candidataram”, o presidente da Associação reforçou junto de vários meios de comunicação social a gravidade desta situação.

À RTP, por exemplo, Nuno Jacinto garantiu que esta incapacidade da tutela organizar concursos eficazes acarreta enormes prejuízos para regiões carenciadas de recursos médicos: “quando se diz que existem cerca de 900 mil utentes sem MF em Lisboa e Vale do Tejo, facilmente se calcula que não são as sessenta e poucas vagas abertas agora que vão dar resposta aos 900 mil utentes”. Por outro lado, o dirigente mostra-se espantado por ser possível identificar “vagas que no último concurso não foram ocupadas e que não são disponibilizadas novamente. Então se eram prioritárias numa determinada altura, deixaram de o ser passados alguns meses?”.

Já à SIC, Nuno Jacinto sublinhou que face às dificuldades sentidas no terreno em muitos locais do país para prestar cuidados aos utentes por falta de médicos, “as vagas têm de ser todas disponibilizadas em concurso. Mas é óbvio que se tivermos um concurso para mil MF, com mil vagas, tal significa assumir um problema e a sua real dimensão. Isto resultaria numa discussão muito mais alargada, que passa pela noção de que, afinal, precisamos de mil MF neste país, que não temos”.

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