Joana Torres, membro da Direção Nacional da APMGF e da Comissão Organizadora do 21º Encontro Nacional de Internos e Jovens Médicos de Família (ENIJMF), explica o que levou a Associação a escolher Ponte de Lima como cenário para o evento e destaca a importância dos cursos intensivos que este ano integram o programa e prometem enriquecer a experiência daqueles que se desloquem ao Minho.
O que levou a APMGF e o seu Departamento de Internos e Jovens MF (DIJMF) a escolherem Ponte de Lima como palco para o 21º ENIJMF?
Após o 20º ENIJMF, em 2022, ter sido realizado em Lisboa, um local urbano, o DIJMF sentiu necessidade de alterar o paradigma urbano para apostar nas maravilhas rurais do nosso país, permitindo aos participantes do 21º ENIJMF experimentarem uma perspetiva diferente do evento. A Vila de Ponte de Lima foi sem dúvida uma excelente escolha. É uma Vila pitoresca, de beleza singular, cheia de histórias e aventuras fantásticas para explorar, tem uma gastronomia mundialmente famosa e sabe acolher calorosamente quem a visita. Para além disso, é uma Vila que acarinha a Medicina Geral e Familiar (MGF) desde há vários anos.
Que tipo de recetividade encontraram na autarquia e comunidade locais?
Efetivamente, desde o início da organização do 21º ENIJMF, a Câmara Municipal de Ponte de Lima tem-se mostrado uma anfitriã com uma recetividade admirável, colaborando connosco para que este evento seja extraordinário. Desde os locais destinados para o evento, à preocupação de orientar qualquer necessidade que a comissão organizadora possa sentir, a autarquia e as comunidades locais de Ponte de Lima têm sido parceiras excecionais, pelo que a organização agradece desde já a dedicação demonstrada por estas entidades.
Quais são as temáticas chave que podemos encontrar no programa e que gostaria de destacar pessoalmente?
Sem dúvida destaco os temas das sessões que devem preocupar atualmente todos os Médicos de Família, independentemente da fase profissional em que se encontram, nomeadamente, os temas não clínicos que já influenciam ou irão influenciar o exercício da MGF, tendo em conta o contexto político, social e económico em que o SNS se encontra. Temas como “Medicina fora do consultório: sabemos o que determina a saúde dos nossos doentes?”, “Inteligência artificial em MGF” e “Medicina de catástrofe”, e “Medicina no privado”, são temas “fora da caixa” que, apesar de tudo, estão cada vez mais presentes na nossa prática. Assim sendo, é essencial entendermos o que o presente nos dá e o que o futuro nos reserva a curto prazo.
Não posso deixar de destacar a aposta da Comissão Organizadora na realização de vários cursos, enquadrados no 21º ENIJMF, de elevada qualidade e pertinência emergente na formação ou/e atualização de conhecimentos para a MGF (IFE, JMF e especialistas de outro grau profissional). Saliento os Cursos EURACT, SisMUS, IVG, Prescrição sem receios de fármacos na Saúde Mental, entre outros igualmente interessantes. Todos eles são cursos pertinentes que pontuam na grelha curricular final do internato médico de MGF e na grelha dos concursos para subida do grau/categoria profissional dos especialistas em MGF. Vale mesmo a pena verem as descrições dos cursos e inscreverem-se. Não se irão arrepender de certeza. Mas atenção, as vagas são limitadas!
E no que respeita ao programa social/cultural, o que está a ser preparado?
O 21º ENIJMF é um evento técnico-científico patrocinado parcialmente pela indústria farmacêutica. Como tal, de acordo com legislação atual, não é permitido haver um programa social/cultural associado ao evento. Porém, uma vez que é quase “criminoso” não dar tempo aos participantes do evento para terem a possibilidade de explorarem a região, a Comissão Organizadora teve a preocupação de acabar relativamente cedo as sessões plenárias para que cada um possa apreciar a região como bem entender. Sinceramente, espero que o façam, porque vale mesmo a pena!
À semelhança de outras edições, as comissões de internos de MGF das várias regiões do país colaboraram na organização de sessões plenárias. Como classificaria essa sinergia e colaboração?
Absolutamente gratificante, necessária e adequada ao evento. Nada faz mais sentido do que ouvir e explorar os temas que as Comissões de Internos de MGF e Jovens Médicos de Família das várias regiões do país escolhem, com base na auscultação dos seus internos, para serem debatidos e explorados nas sessões plenárias de um evento dedicado a eles próprios. Afinal de contas, tem sido uma prática recorrente da atual Direção Nacional da APMGF dar Voz a todos os Médicos de MGF, independentemente da fase profissional em que se encontram. Posto isso, o facto de num evento em que os interessados principais são os internos de MGF e JMF, serem os próprios a escolherem os temas que desejam abordar é a forma mais eficaz de lhes dar Voz e salientar a importância crucial que os mesmos têm na comunidade da MGF.
Este ano temos a novidade de os participantes no ENIJMF poderem integrar não só workshops curtos, mas também cursos que se prolongam por vários dias… Que formato apresentam estes cursos e que objetivos pretendem atingir?
Os cursos são todos presenciais, alguns de 30 horas, outros com menos. São cursos de elevada qualidade científica e vão ao encontro das necessidades atuais dos participantes deste evento (internos e especialistas em MGF). Todos podem e devem participar. Como já referi anteriormente, vale a pena verem no site da APMGF as descrições e inscreverem-se nos cursos. Mas atenção, despachem-se porque as vagas são limitadas!
Nos últimos anos, a APMGF procurou consolidar o ENIJMF como um evento autónomo, com as suas características e identidade própria. A edição de 2023 representa para um passo firme nesse sentido?
Absolutamente! É mais do que altura de todos os Médicos de Família entenderem e valorizarem a importância dos seus IFE e JMF, e da necessidade cada vez maior de estes verem discutidos temas, clínicos e não clínicos, que afetam diretamente os colegas que se encontram nesta fase da vida profissional. Atualmente os internos são uma força de trabalho preponderante no SNS e serão o futuro da MGF do país, pelo que considero que o seu valor deve ser equiparado ao de qualquer outro Médico de Família. Assim sendo, apostar num evento autónomo para eles demonstra o respeito e relevância que esta Direção Nacional da APMGF atribui a estes profissionais! Não obstante, mais uma vez saliento que o 21º ENIJMF pode e deve ser frequentado por todos os Médicos de Família, independentemente da fase profissional em que se encontram, na medida em que os temas abordados vão acabar por afetar todos.